Carol, de Todd Haynes, é o filme do ano para os críticos de Nova Iorque

Quatro distinções, incluindo a de melhor realizador. Destaque, nas escolhas desta organização fundada em 1935, para a presença de O Filho de Saul, do húngaro Laszlo Nemes, e para In Jackson Heights, de Frederick Wiseman.

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Cate Blanchett e Rooney Mara em Carol; quatro prémios
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Michael Keaton: melhor actor, por Spotlight
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In Jackson Heights, de Frederick Wiseman, o vencedor na categoria de não-ficção

O filme do ano para a Associação de Críticos de Cinema de Nova Ioque é Carol, de Todd Haynes: porque o elegeu como melhor filme, porque designou Haynes como melhor realizador, porque premiou o argumento – de Phyllis Nagy, autora da adaptação de The Price of Salt, o romance que Patricia Highsmith escreveu em 1952 sob o pseudónimo de Claire Morgan - e, last but not the least, porque distinguiu a fotografia de Ed Lachman.

Um filme de Todd Haynes, claro, mas também um filme do seu director de fotografia e ainda de Phyllis Nagy, que tinha este projecto em mãos há anos e que esteve em vias de ser gorado porque o realizador inicialmente escolhido se mostrou indisponível – foi através da sua produtora e cúmplice Christine Vachon que Haynes chegou ao projecto de adaptação ao cinema da “história de amor lésbico” na América dos anos 50 que Highsmith escreveu (as personagens são interpretadas por Cate Blanchett, uma dona de casa, e Rooney Mara, uma fotógrafa, e as duas actrizes ficaram de fora das escolhas dos críticos).

Sendo um filme de Haynes, mais uma contribuição para o “arquivo” de imagens, comportamentos, silêncios e repressões (e guarda-roupa) da vida privada americana que a sua obra vem fixando (Superstar-The Karen Carpenter Story, Safe-Seguro, Longe do Paraíso, a  mini-série Mildred Pierce…), é sobretudo um filme de domínio de uma “carpintaria” e das convenções, filme mais normalizado e serenado se compararmos com a realidade intensificada que consumia e ameaçava destruir cada plano de Longe do Paraíso, por exemplo - é como se o modelo de série televisiva se tivesse prolongado a partir de Mildred Pierce.

Michael Keaton foi considerado o melhor actor pelos críticos nova-iorquinos (Spotlight, sobre a equipa de jornalismo de investigação do Boston Globe) e Saoirse Ronan a melhor actriz por Brooklyn, adaptação por Nick Hornby do romance de Colm Tóibín - Mark Rylance (A Ponte dos Espiões) e Kristen Stewart (As Nuvens de Sils Maria) foram os escolhidos nas categorias secundárias.

Inside Out foi considerada a melhor animação (como nas escolhas da National Board of Review), O Filho de Saul o melhor primeiro filme - é o filme do húngaro  Laszlo Nemes, que se propõe um desafio intimidante, estar no espaço de uma pessoa, acompanhar os seus actos, estar com ela no Inferno, os crematórios de Auschwitz-Birkenau.

Timbuktu foi considerado o melhor filme estrangeiro, In Jackson Heights, de Frederick Wiseman, o melhor filme de não-ficção - o afecto de Wiseman, disfarçado como sempre pela reserva, vai de novo para um grupo de pessoas a organizar-se, a agir, a trabalhar, no caso concreto os habitantes de um bairro de Queens, Nova Iorque, que está a mudar, porque a gentrificação ameaça toda uma rede humana e social.

Organização fundada em 1935, composta por críticos de diários, semanários e revistas, a New York Film Critics Circle escolhera em 2014 Boyhood, de Richard Linklater - foram três prémios para esse filme.

 

 

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