Azuis marinhos

Nunca se deve jurar que não se vai ler (ou, pior ainda, que se vai ler) qualquer coisa.

Quando Richard Ingrams foi ignobilmente expulso do Oldie, a excêntrica e resmunguenta revista mensal que fundou, jurei que nunca mais a lia.

Menti. Nunca se deve jurar que não se vai ler (ou, pior ainda, que se vai ler) qualquer coisa: o juramento torna apetitosa a desobediência.

Como facilmente se poderia ter previsto Alexander Chancellor, que já tinha sido director e resuscitador do Spectator de 1975 a 1984, tem sido fiel ao espírito irreverente e egoísta do Oldie e, por conseguinte, tem sido difícil passar um mês sem comprá-lo.

Ainda me recuso a renovar a assinatura mas, como cada número digital custa apenas 4 euros, vou-me enganando aos poucochinhos. A edição de Janeiro, para mais, traz um retrato venenoso das barbaças dos hipsters feito pela pena do atrabiliário-mor, Roger Lewis.

É escusado ir espreitar online - o Oldie, tal como o Private Eye - não acredita em oferecer trabalho de borla. Vale a pena ler, no New York Times, o perfil do genial Ian Hislop, o actual director do Eye desde 1986 e sucessor de Richard Ingrams. Deveria prestar-se mais atenção ao modelo editorial e comercial do Eye, cada vez mais lido, vendido e lucrativo.

Ainda no Oldie fiquei a saber que o fornecedor de navios Arthur Beale continua a trabalhar de porta aberta em Shaftesbury Avenue, depois de 400 ou 500 anos de actividade. Agora estão também online com um "The Arthur Beale Christmas Gift Guide" que tem os presentes mais castiços e marujos de 2015.

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