As paisagens emocionais da Colecção Sonnabend

Depois de uma primeira exposição na Fundação Arpad-Szenes, o Museu de Serralves apresenta agora uma nova selecção de obras da Colecção Sonnabend, comissariada pelo seu herdeiro, o português António Homem. Uma viagem à arte europeia e americana da segunda metade do século XX.

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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Obras de Andy Warhol na exposição ADRIANO MIRANDA
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António Homem, comissário da exposição em Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA
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Exposição no Museu de Serralves ADRIANO MIRANDA

Andy Warhol é o nome incontornável da exposição The Sonnabend Collection – Meio século de arte europeia e americana, que esta sexta-feira tem inauguração oficial no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), onde vai ficar até 8 de Maio. Não apenas porque é o artista escolhido para o cartaz, que reproduz um painel com os seus icónicos retratos instantâneos, Nine Jackies (1964), representando a que fora a primeira-dama dos Estados Unidos, Jacqueline Kennedy, mas também porque o duplo retrato que fez da famosa coleccionadora romena Ileana Sonnabend (1914-2007) é uma das duas peças que abrem o percurso da exposição em Serralves, lado a lado com o busto do seu marido, o polaco Michael Sonnabend (1900-2001), de autoria de Georges Segal. E ainda porque é o artista mais representado – nove obras, entre as quais as famosas Campbell’s Soup Can (1962) e White Brillo Boxes (1964) – nesta exposição que dá a conhecer uma das colecções mais importantes da arte europeia e norte-americana da segunda metade do século XX, e que deverá ter uma segunda parte no Porto, em 2018.

Ao todo, são 61 pinturas, esculturas e instalações de 44 artistas, com datas que vêm de 1956 (com uma obra de Robert Rauschenberg) até 2013 (ano em que Barry Le Va concluiu uma peça iniciada em 1967, One, two and the other).

Depois da exposição apresentada no início do ano passado em Lisboa, na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, Sonnabend. Paris – Nova Iorque, que documentou a importância que o casal Sonnabend teve na capital francesa no início da década de 60, quando na sua galeria mostraram pela primeira vez na Europa nomes emergentes da arte do outro lado do Atlântico, como Jasper Johns, Robert Rauschenberg e Yves Klein, a presente mostra no MACS vem alargar o conhecimento deste acervo privado único, que actualmente tem como herdeiro o português António Homem, amigo e colaborador do casal Sonnabend desde 1968.

António Homem é, de resto, o comissário da exposição de Serralves, e apresentou-a, na visita guiada esta quinta-feira de manhã para a comunicação social, como “um auto-retrato, uma autobiografia” da vida e da actividade tanto dos Sonnabend como de si próprio. “Esta não é uma colecção enciclopédica, e a exposição em Serralves não respeita nem a cronologia nem a nacionalidade, mas mostra os pontos de convergência entre os diferentes artistas e os seus trabalhos”, disse o coleccionador, que conheceu Ileana Sonnabend em Zurique em meados dos anos 60, e acabaria por ficar ligado ao casal e à sua colecção para o tempo futuro.

Depois de realçar a importância – “um luxo extraordinário”, disse – de ver a sua colecção instalada num edifício projectado por Álvaro Siza, o coleccionador-comissário guiou os jornalistas pelas “paisagens emocionais” que o conjunto das obras, como se fossem livros numa biblioteca, proporcionam aos visitantes-leitores.

Segunda parte?

The Sonnabend Collection – Meio século de arte europeia e americana está distribuída por cinco núcleos e outros tantos espaços do Museu de Serralves. Depois dos retratos do casal coleccionador, entra-se na sala que cruza a arte pop americana e o novo realismo francês, e onde se concentram as obras de Warhol, ao lado de Rauschenberg e Lichtenstein, mas também de Christo e Claes Oldenbourg.

Na passagem para a sala seguinte, dedicada à arte povera italiana, destaque para a instalação de Giovanni Anselmo, Sem título (O algodão molhado é lançado contra o vidro e aí permanece), que em 1999 integrou a exposição de inauguração do MACS, Circa 1968, mantendo-se, desde essa altura, em depósito em Serralves. Gilberto Zorio, Jannis Kounelis, Robert Morris, Richard Serra e a “pequena capela” em néon e vidro de Keith Sonnier (Chaldea, 1969) estão também representados neste espaço.

O piso inferior do MACS abre-se para o minimalismo de John Baldessari, Mel Bochner e Donald Judd. Mas também para o desenho mural Arc from four corners (1971), uma rede em grafite de Sol LeWitt, agora transposta para uma parede de Serralves – com a colaboração de alunos da Escola de Belas-Artes do Porto –, e que passará a integrar a colecção do museu.

O último núcleo da exposição, de regresso ao piso da entrada, é dedicado ao neo-expressionismo, com trabalhos de Jörg Immendorff, A.R. Penck, Michelangelo Pistolleto, Rona Pondick, destacando-se aqui a já citada instalação de Barry Le Va, uma escultura de aço, alumínio e feltro onde António Homem vê a herança de Bosch, numa sala que se percorre como um mapa a representar o caos da mente humana.

A confirmar-se a realização da segunda parte desta exposição algo que está ainda a ser negociado entre Serralves, o coleccionador e potenciais mecenas, disseram ao PÚBLICO Ana Pinho e Suzanne Cotter, respectivamente a presidente da fundação e a directora artística do MACS –, ela dará expressão à utilização da fotografia nos anos 60 e também à produção da década de 80, centrada em "artistas como Jeff Koons, que fizeram a releitura da arte pop através da arte conceptual", antecipou António Homem.

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