Aprovado em Abu Dhabi fundo para proteger património histórico ameaçado

No final, este domingo, da conferência para a protecção de património em perigo, realizada nos Emirados Árabes Unidos, foi anunciada a criação de um fundo que pode atingir os 100 milhões de dólares e a definição de uma rede de locais seguros para onde património ameaçado pode ser transportado.

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O encontro foi motivado pela destruição recente de património arqueológico na Síria ou no Iraque pelo Estado Islâmico

A criação de um fundo que o presidente da República francês, François Hollande, acredita poder chegar aos cem milhões de dólares (93,76 milhões de euros) e de uma rede de locais de abrigo para património histórico ameaçado. Foi este o resultado do encontro que levou a Abu Dhabi representantes de 40 países para discutir formas de protecção de obras de artes espalhadas pelo mundo. O encontro, patrocinado pela França e pelos Emirados Árabes Unidos, foi motivado pela destruição, em anos recentes, de vários tesouros arqueológicos, principalmente no Iraque e na Síria, mas também no Mali, por exemplo, promovidos principalmente pelo autoproclamado Estado Islâmico.

Ao destruir o património arqueológico de Nimrud, Palmira ou Tombuctu, afirmou François Hollande, “o fanatismo ataca a diversidade das civilizações e, consequentemente, a unidade do género humano”. Este domingo, no discurso de encerramento da Conferência para a Protecção do Património, e naquela que foi a sua primeira viagem oficial desde que anunciou que não se recandidatará à presidência, Hollande anunciou que a França contribuirá com cerca de 30 milhões de dólares (cerca de 28,1 milhões de euros) para o fundo acordado. O documento final produzido pelos conferencistas não refere qual será o valor total do fundo sedeado em Genebra, na Suiça, mas o presidente francês declarou que os 100 milhões de dólares ambicionados são atingíveis. "A criação deste fundo abre novos caminhos. Vejo-o como o ponto de partida para algo global", afirmou a directora da UNESCO, Irina Bokova. 

Recorde-se que, na véspera da conferência, cinco prémios Nobel apelaram a que os presentes assumissem "as suas responsabilidades" diante deste desafio "histórico" e a "agirem" para salvaguardar os bens culturais da Humanidade. No comunicado final, os participantes, que incluíam também representantes de organizações internacionais e instituições privadas, comprometeram-se a “proteger da destruição e do tráfico ilegal a herança cultural de todos os povos”. Fundamental para esse propósito será a criação de uma rede de locais seguros para onde esse património possa ser transportado, quando ameaçado.

A AFP explica que essa rede terá três níveis. O primeiro será formado por locais localizados no país onde se encontra o património ameaçado. O segundo contempla o transporte para países vizinhos. O terceiro, para zonas mais distantes, o que só será possível caso o pedido de transporte seja feito pelas autoridades do próprio país. Isto porque algumas nações, como a Grécia, manifestaram a sua preocupação com a retirada de qualquer país, mesmo que para salvaguarda, de património nacional. O primeiro-ministro grego, certamente com as esculturas do Parthenon, em Atenas, levadas para Inglaterra há dois séculos e nunca devolvidas, na memória, acentuou a necessidade de serem definidas garantias de regresso ao país de origem do património enviado para o estrangeiro.

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