Alice Cooper à presidência dos EUA e Lemmy Kilmister nas notas

Rocker decidiu relançar o seu single Election com uma "campanha presidencial" que se junta à comédia involuntária da corrida real à Casa Branca. O seu programa envolve Brian Johnson de novo nos AC/DC e proibir selfies.

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O logo da "campanha" DR
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Cooper em Maio no Rock in Rio em Lisboa com os Hollywood Vampires MIGUEL MANSO

A escola fechou para o Verão e a possibilidade de se ser candidato às presidenciais dos EUA de Novembro também, mas isso não impediu Alice Cooper de anunciar com pompa e derrisão a sua candidatura eleitoral. Sob o lema “um homem perturbado para tempos perturbados”, Alice Cooper tem promessas eleitorais de grande relevo: esculpir o rosto de Lemmy Kilmister (1945- 2015) no Monte Rushmore, ao lado dos quatro grandes presidentes dos EUA, e pôr o comediante Groucho Marx nas notas de 50 dólares. E as selfies terão de ser controladas.

Motorhead e comédia, portanto, não necessariamente para tornar a América grandiosa outra vez – o seu slogan é Make America Sick Again -, mas para dar palpites sobre como outros países podem ser melhores. O “Brexit” tem tido presença na campanha norte-americana, em particular na de Donald Trump, mas Alice Cooper e a sua plataforma querem é mudar a nota de 20 libras e colocar nela o actor Peter Sellers. Esta (des)preocupação do músico com questões de soberania britânica não terão, contudo, grande sequência visto que o próprio povo inglês já fez a sua escolha para que, em 2020, a nota de 20 libras passe a ter novo rosto – a de J.W. Turner, o primeiro artista plástico a dar a cara no dinheiro britânico.

Quanto às selfies, as fotografias que se tornaram um elemento corriqueiro da cultura do século XXI, quer aplicar-lhes uma regra semelhante à dos filmes A Purga (em que um dia por ano, nenhum crime é penalizado). “O ‘Selfie Day’ seria como A Purga, em que toda a gente pode fazer selfies”, disse à CNN. Outras medidas no seu programa de governo? “Pôr Brian Johnson de novo nos AC/DC”; “nada de lápis, nada de livros”; o Big Ben passará a chamar-se “Big Lemmy”; ou a “proibição de falar durante os filmes nos cinemas”.

“Sou a epítome de ‘Toda a gente pode concorrer à presidência’”, disse à CNN na passada sexta-feira. O anúncio de Alice Cooper, acompanhado por um site de campanha e na CNN, é servido, claro, com música. O rocker não é só autor de School’s Out, I’m Eighteen ou No More Mr. Nice Guy, mas também de Elected, editada em 1972 e que agora é relançada numa nova versão como Elected (Alice Cooper for President 2016) em plataformas digitais como o iTunes ou o Spotify.

Já há quem pergunte, embora admitindo o seu amor pelo original que tanto êxito fez no ano em que Richard Nixon concorria, com sucesso, à reeleição, “mas porquê? Precisas de mais uns dólares?”, como escreve Mickey Mike no iTunes americano. Além da insistência em homenagear o frontman dos Motorhead, que morreu no final de 2015, a iniciativa Cooper para presidente (ou Vincent Damon Furnier, seu nome de baptismo que nos anos 1970 seria substituído pelo nome da sua banda) surge num ano em que a comédia involuntária da campanha “se escreve a si mesma”.

Cooper considera a sua banda “uma instituição americana” e que por isso a ideia de concorrer era natural – “Vejo as coisas desta maneira: posso fazer nada tão bem quanto eles fazem nada. Esse é o meu slogan”.

Alice Cooper já se descreveu como apolítico, mas também já criticou músicos que apoiam políticos – nomeadamente em 2004, dirigindo-se aos seus correligionários que apoiavam John Kerry contra a reeleição de George W. Bush. O seu argumento? Que o rock e a política não deviam misturar-se. Contudo, nos seus concertos mais recentes, incluiu duas pessoas mascaradas como Donald Trump e Hillary Clinton que se abraçam, lutam e caem em palco.

A sua Election acaba com pragmatismo: Everybody has problems / And personally, I don’t care (qualquer coisa como “Toda a gente tem problemas / E pessoalmente, eu não quero saber”).

Alice Cooper esteve em Portugal recentemente, durante a digressão da sua banda de tributo Hollywood Vampires, que também conta com Johnny Depp e Joe Perry (dos Aerosmith), no Rock in Rio. A sua iniciativa de se candidatar à presidência integra agora uma lista de músicos que já o tentaram, mais ou menos a sério, e continuam a manifestar esse interesse – de Kanye West e a sua vontade de estar na Casa Branca em 2020 a Manuel João Vieira e à sua persona Candidato Vieira, passando por Wyclef Jean no Haiti (2010). 

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