Acabou a surpresa, eis A Moon Shaped Pool, o novo dos Radiohead

O mais recente álbum dos Radiohead foi lançado digitalmente este domingo, pondo fim ao processo iniciado há uma semana com a divulgação de duas novas canções.

Radiohead - Daydreaming

Acompanhar uma nova (e inesperada) edição com um gesto surpreendente não é no caso dos Radiohead uma surpresa, passe a redundância. Em 2007 In Rainbows não só surgiu aparentemente do nada como foi acompanhado da decisão de o comercializar pelo preço que o ouvinte quisesse pagar – nada, inclusive. King of Limbs, editado em 2011, chegou igualmente de forma inesperada. E, agora, pela terceira vez seguida, A Moon Shaped Pool, assim se intitula o novo disco, apanhou-nos novamente desprevenidos.

O nono álbum da banda inglesa foi lançado digitalmente este domingo (a edição física chega dia 17 de Junho), pouco mais de uma semana depois de um par de estranhos acontecimentos. Primeiro, alguns utilizadores registados no site dos Radiohead receberam em casa um panfleto onde estavam inscritos versos sinistros – “burn the witch / we know where you live”. Depois, a banda desapareceu literalmente da internet, apagando pouco a pouco até ao vazio total o seu site e as suas contas nas redes sociais. Entretanto, chegaram canções. Primeiro Burn the witch, depois Daydreaming, acompanhadas dos respectivos vídeos, respectivamente uma animação em “stop-motion” e uma realização de Paul Thomas Anderson.

Agora, acabou o secretismo. Domingo às 19h, hora portuguesa, tudo foi revelado. O álbum tem por título A Moon Shaped Pool e é composto por 11 canções, algumas das quais, como Desert Island disk, True love waits, Identikit e Full stop já foram ouvidas ao longo dos anos em concertos dos Radiohead ou de Thom Yorke – True love waits, por exemplo, chegou a ser registada em 2001 no EP ao vivo I Might Be Wrong.

À primeira impressão, A Moon Shaped Pool (disponível em CD e vinil em Junho, com uma edição especial a chegar em Setembro) não parece seguir os passos de King Of Limbs, álbum de travo sintético, construído a partir da manipulação electrónica de gravações registadas por cada um dos músicos. Produzido como habitualmente por Nigel Godrich, ouve-se nele não só uma síntese da canção tal como definida no pós Kid A com a exploração electrónica, cruzando folk-rock, pop barroca, dub e cenários psicadélicos, mas também, e de forma expressiva, os talentos de orquestrador que o guitarrista Johnny Greenwood tem desenvolvido no seu percurso paralelo à banda. Este será, igualmente, um álbum intimamente sintonizado com o seu tempo – tanto o vídeo como a letra de Burn the witch, por exemplo, são denúncia e sintoma de um presente de medo e paranóia perante o outro, aquele que nos é diferente.

Os Radiohead iniciam dia 20 de Maio uma digressão mundial que passa por Portugal a 9 de Julho, dia do regresso da banda ao festival NOS Alive. 

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