120 Battements Par Minute, filme sobre luta contra a sida na Paris dos anos 90, chega aos ecrãs franceses

Um dos filmes-sensação de Cannes, é já um dos acontecimentos cinematográficos do ano em França. Estreia portuguesa marcada para 30 de Novembro.

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120 Battements Par Minute foi o filme-sensação em Cannes ; é, por estes dias, o acontecimento nas salas francesas

Robin Campillo viveu o início dos anos 1990 em Paris. Decidiu entrar no activismo da luta contra a sida ao fazer parte da delegação parisiense do grupo ACT UP. Foi uma tarefa inglória, que não lhe deu a ele nem aos seus pares ou líderes qualquer tipo de fama, proveito ou compensação monetária, muito menos foi reconhecido oficialmente. Mas, mesmo que se tenha mantido à margem da sociedade, era necessário: o governo não estava a fazer nada para prevenir o alastrar do VIH, e um grupo de jovens destemidos decidiu tomar a justiça nas próprias mãos.

É essa experiência e urgência, e uma tentativa de dar alguma justiça tanto àqueles que morreram quanto aos sobreviventes, que serviu de ponto de partida para a terceira longa-metragem de Campillo como realizador – como editor e argumentista fez muitas mais, como por exemplo A Turma, de Laurent Cantet –, 120 Battements Par Minute. Co-escrito por Philippe Mangeot, que foi presidente da ACT UP francesa no final dos anos 1990, foi o filme-sensação deste ano em Cannes. Pedro Almodóvar, o presidente do júri, não lhe atribuiu a Palma de Ouro, apesar de salientar que o filme contava a história de “heróis que salvaram numerosas vidas”, e essa honra acabou por ir para The Square, do sueco Ruben Östlund. O filme de Campillo ficou com o Grande Prémio do Júri. Está desde hoje nas salas francesas. Tem estreia comercial em Portugal – uma honra que os outros dois filmes de Campillo, Les Revenants e Eastern Boys, não tiveram – a 30 de Novembro, um dia antes do Dia Mundial da Luta Contra a Sida.

A música, como o nome poderá indicar, é uma parte importante. No trailer, ouve-se uma remistura de Smalltown boy, o clássico de 1984 dos britânicos Bronski Beat, um êxito que foi das primeiras chamadas de atenção da cultura mainstream para o flagelo da sida e cujo teledisco, autobiográfico e com capacidade de chegar a muitos olhos que não seriam confrontados com essa realidade doutra maneira, alertou muitas pessoas para a homofobia na sociedade. Espera-se que o filme, um dos acontecimentos cinematográficos deste ano em França, com dossiers em toda a imprensa – 12 páginas no Libération, de que foi capa, tal como no Le Monde, Les Inrockuptibles ou Télérama – faça o mesmo.

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