Alan Partridge vai voltar e a culpa é do "Brexit"

Alan Partridge, a personagem de Steve Coogan que é uma das criações cómicas britânicas mais icónicas dos últimos 25 anos, vai voltar para uma nova série em 2018.

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Steve Coogan a fazer de Steve Coogan, não de Alan Partridge Reuters/DANNY MOLOSHOK

Uma das personagens mais icónicas da comédia britânica dos últimos 25 anos, Alan Partridge, vai regressar aos ecrãs da BBC na Primavera do próximo ano. Desde 1991 que Steve Coogan faz uma paródia de um apresentador falhado, incompetente e bronco, fã de ABBA e dado a maus trocadilhos. É alguém que não tem noção do ridículo, não sabe interagir com outros seres humanos, não está bem informado sobre os convidados com quem fala e tem a certeza de que é superior a todos os que o rodeiam.

Alan Partridge começou como personagem periférica em The Day Today, um falso noticiário criado por Armando Iannucci – hoje mais conhecido como a cabeça que deu ao mundo a sátira política Veep – e Chris Morris que teve os seus inícios na rádio e transitou para a televisão. Depois disso apresentou Knowing Me Knowing You With Alan Partridge, um falso talk show de 1994 carregado de música dos ABBA e entrevistas conflituosas. Passados três anos estreou-se a sitcom I’m Alan Partridge, que mostrava o dia-a-dia de Partridge, caído em desgraça e a trabalhar na rádio em Norwich, donde é originário, após no especial de Natal da série anterior ter dado um soco a um responsável de programas da BBC. Teve duas temporadas, a segunda das quais em 2002.

Em 2013, Partridge foi o foco de um filme, Alan Partridge: Alpha Papa, que não passou nos cinemas portugueses e acabou por passar na televisão, VOD e DVD como Alan Partridge. Houve também uma autobiografia em 2011, I, Partridge, We Need To Talk About Alan, uma série de programas de rádio e vídeos para a web chamada Mid-Morning Matters, e vários especiais televisivos, o último dos quais, Scissored Isle, passou em 2016.

Séries propriamente ditas é que há 15 anos que não há. Tudo muda agora, segundo Coogan disse ao jornal pró-união europeia britânico The New European. Vai ser escrita por Coogan e pelos gémeos Neil e Rob Gibbons, que trabalham no universo desde a autobiografia, no final do ano, e ainda pouco se sabe em termos de detalhes específicos. Só que Patridge volta a ter um programa na BBC.

Como é que se justifica que alguém que foi tão violento para os patrões e é tão falhado volte a essa condição? Com o "Brexit", explicou o criador. A BBC pode sentir que tem de agradar aos “Little Englanders”, uma expressão pejorativa para ingleses xenófobos e nacionalistas. Partridge, um acólito do tablóide inglês The Daily Mail, é a favor do "Brexit" porque o jornal o disse para ser, contou o cómico.

Partridge não é a única das criações notáveis de Coogan. Além de Partridge, Coogan é conhecido, ao vivo ou na televisão, por personagens como o cantor português Tony Ferrino, que ganhou a Eurovisão anos antes de Salvador Sobral; Paul Calf, um estereótipo de um homem da classe trabalhadora de Manchester que costuma ter uma lata de cerveja e um cigarro nas mãos, ou o Tommy Saxondale, um ex-roadie que se acha bem mais sábio do que é na realidade e foi o foco da sitcom Saxondale, de 2006.

Além do filme de Alan Partridge, Coogan teve, no cinema, papéis em sagas como À Noite, no Museu ou Gru - o Maldisposto e foi nomeado para um Óscar pelo guião de Filomena, de Stephen Frears, que também protagonizou. Foi ele quem deu vida ao mítico Tony Wilson, fundador da editora de Manchester, Factory, em 24 Hour Party People, de Michael Winterbottom.

Desde 2010 que se tem reunido com este realizador para a saga The Trip. Já há três capítulos: o original, em Inglaterra, The Trip to Italy (A Viagem a Itália, em Portugal) e The Trip to Spain. Em todas, Coogan e Rob Brydon fazem deles próprios a comer e a beber à volta de um país. Primeiro séries da BBC (e agora da Sky), com poucos episódios que depois são montados para formato cinematográfico. O terceiro tem estreia marcada em Portugal para 7 de Setembro, como A Viagem a Espanha.

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