Sabe o que vai jantar hoje?

Como em tudo na vida, no equilíbrio é que está a virtude. Quanto toca ao consumo de carne, o bom senso deve imperar. Há que comer sem culpas, desmistificar mitos e criar alternativas saudáveis para toda a família.

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Mitos e verdades!

Muitos são os mitos que envolvem o consumo de carne. Desde logo, a ideia que não se deve consumir carne vermelha. São muitos os alertas para o seu consumo excessivo em notícias veiculadas nos meios de comunicação social. Mas isso significa que não devemos, de todo, comer carne? Na opinião de Ondina Afonso, Diretora de Qualidade e Investigação e Presidente do Clube de Produtores Continente, “numa alimentação saudável e equilibrada todos os alimentos são permitidos e não os devemos ‘diabolizar’. Assim, o que importa saber é que dependendo do perfil nutricional de cada um, devemos consumir mais ou menos quantidade e mais ou menos vezes. A carne vermelha contém proteínas de alto valor biológico e importantes micronutrientes, como vitamina B, ferro e zinco”.

Outro dos mitos mais frequentes prende-se com o facto de a carne de porco ter mais gordura do que todos os outros tipos de carne. Ondina Afonso esclarece: “Importa referir que o teor de gordura da carne de porco depende do corte que é feito. Se estivermos a falar de toucinho, provavelmente será a parte mais gorda, mas se nos referirmos ao um lombo, os teores de gordura podem baixar consideravelmente, ficando muito equiparados às do frango”.

O poder da carne

As carnes dividem-se entre brancas e vermelhas, dependendo da tonalidade que apresentam e que deriva “do teor de mioglobina que contém. Incluída nas carnes brancas estão, por exemplo, o frango e peru, e nas vermelhas, a vaca e o porco. Mas atenção, não se pode confundir estes conceitos com os de ‘carnes magras’ e ‘carnes gordas’. Não é linear a divisão relativamente ao teor de gordura, já que em muitos casos, o tipo de corte ou o consumo da pele e miúdos pode enviesar a comparação. Por exemplo, uma perna de frango com pele é mais gorda do que um bife de lombo de porco”, esclarece a responsável. Assim, o ideal é variar o tipo de carne que se consome para se aproveitar o que de melhor cada um tem, tendo em atenção, retirar as peles e as gorduras visíveis e optar por métodos de confeção mais saudáveis.

Segundo as recomendações do guia nacional para uma alimentação variada, equilibrada e saudável, a Roda dos Alimentos, o consumo de carnes deve ser alternado com o de peixe e ovos (fazem parte do mesmo grupo). “Dentro deste grupo, deve ser variado o consumo dos vários tipos de carne. Devemos consumir 1,5 a 4,5 porções deste grupo, sendo que uma porção corresponde a 30g de carne crua ou 25g se cozinhada. É preciso ter ainda em atenção que o número de porções recomendado depende das necessidades energéticas individuais. As crianças de um a três anos devem guiar-se pelos limites inferiores, os homens ativos e os rapazes adolescentes pelos limites superiores e a restante população deve orientar-se pelos valores intermédios. Por isso, toda a família pode consumir carne (respeitando estas recomendações), sendo que a carne de novilho está naturalmente integrada nestas opções”, explica Ondina Afonso.

Hoje para o jantar? Carne de novilho

O novilho é proveniente de animais com idades entre os 12 e os 34 meses. A carne de novilho é uma carne tenra, com uma coloração vermelha mais escuro, mais sabor e suculência. A deposição de gordura Intramuscular responsável pelo sabor e suculência, acontece em fases mais tardias do crescimento dos animais. Por este motivo, a carne de novilho apresenta um marmoreado próprio que se traduz em mais sabor! A carne de novilho pode ser uma boa opção para quem adora um belo churrasco mas não abdica da sua saúde.

A refeição? Está tudo nas mãos do consumidor! Uma refeição principal completa deverá ter no prato legumes/hortaliças (cerca de metade do mesmo), uma fonte de hidratos de carbono (arroz, massa, batata…) e uma fonte de proteína (neste caso, a carne). São estes os conselhos da Roda dos Alimentos que tem por base a dieta mediterrânica. O segredo, não raras vezes, está nos métodos de confeção. Há que privilegiar “os grelhados, estufados, guisados e assados no forno (com pouco molho), sendo que de evitar estão os fritos”, salienta a Diretora de Qualidade e Investigação do Continente.

Muitas vezes, no decorrer dos dias cheios de exigências e responsabilidades, a hora da refeição pode ser mais um momento de stress. A monotonia instala-se e já não há originalidade na cozinha. Não menos verdade é o facto de haver opções que podem transformar o jantar num momento mais colorido, saudável e criativo. “Um bom truque para amaciar a carne de novilho é mariná-la com umas fatias de ananás/abacaxi, papaia/mamão ou figos. Estas frutas têm enzimas proteolíticas (bromelina, papaína e ficina, respetivamente) que são úteis no amaciamento da carne, já que promovem uma degradação parcial dos componentes estruturais da mesma”, sugere Ondina Afonso.

Uma sugestão ideal para toda a família é a jardineira, um prato tipicamente português que deixa a carne mais tenra e saborosa. Para quem gosta de alternativas, um prato de novilho grelhado com puré de abóbora pode também ser uma opção diferente, mas muito agradável.

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