Clássicos ao ar livre no ArrábidaShopping

Logo à noite, depois das compras, aproveite para assistir ao concerto da Orquestra Sinfónica Casa da Música no ArrábidaShopping, na Praceta Exterior Norte, pelas 22:00.

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A Orquestra Sinfónica Casa da Música convida-nos a celebrar o solstício de Verão com um concerto ao ar livre no ArrábidaShopping, em Gaia. Na Praceta Exterior Norte, pelas 22:00, terá início o programa que inclui obras de Rossini, Beethoven e Freitas Branco, sob a direcção do maestro Rui Pinheiro. 

O Arrábida Sinfónica é um dos momentos integrados na programação da Casa da Música, que inclui uma série de espetáculos agendados para a época estival, indo ao encontro das populações da área metropolitana do Porto, sempre com entrada livre.

Trata-se de uma iniciativa que promove a proximidade com o público num ambiente inusitado, contribuindo para desinstalar os conceitos de seriedade e rigidez que são habitualmente associados à música erudita. Acerca da relevância deste evento, o Maestro Rui Pinheiro manifestou o entusiasmo de “poder sentir o feedback e a reacção das pessoas” naquele espaço ao ar-livre, em particular “daquelas que pela primeira vez têm oportunidade de escutar estas obras.” Rui Pinheiro é, actualmente o Maestro Titular da Orquestra Clássica do Sul, lugar que assumiu em 2015 depois de uma temporada em Inglaterra, entre 2010 e 2012, onde foi Maestro Associado da Orquestra Sinfónica de Bournemouth, tendo também assumido a direção musical do Ensemble Serse, dedicado à música barroca. 

Dada a experiência de contacto com realidades tão diversas, o Maestro não hesita em realçar que é preciso dar mais visibilidade à música clássica. Muitas vezes em “meios mais pequenos a recepção das pessoas é surpreendente”, referiu o Maestro que no Reino Unido dirigiu dezenas de programas onde se destacam as celebrações do Jubileu da Rainha. Por cá, foi Maestro da Orquestra do Conservatório Nacional de Lisboa, entre 2005 e 2008, tendo dirigido as principais orquestras do país. Rui Pinheiro tem um currículo académico onde se inclui o Mestrado em Artes Musicais da Universidade Nova de Lisboa, o Mestrado em Direcção de Orquestra no Royal College of Music de Londres e ainda uma pós-graduação em piano e música de câmara na Academia Ferenc Liszt, em Budapeste.  

Quanto ao programa, apresenta-nos três peças representativas de diferentes épocas e estilos, mas com bastante proximidade na memória colectiva. São grandes obras de reportório facilmente reconhecidas pelo público.

A abertura Guilherme Tell pertence à última ópera composta por Gioachino Rossini, que estreou em 1829. A abertura de concerto, com base nas formas da ópera romântica, foi sendo instituída durante o século XIX como obra independente de um único movimento, quer sob a forma de sonata quer na forma de poema sinfónico. É um dos trechos mais conhecidos de Rossini, em grande medida graças à utilização comercial de algumas partes desta abertura em anúncios publicitários, na televisão e no cinema. Marcou a série e o filme “The Lone Ranger”, foi naturalmente escolhida para a série da BBC “As Aventuras de Guilherme Tell” e é possível escutá-la também no clássico “A Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick. 

A seguir, chega um dos motivos mais identificáveis do reportório sinfónico, a Quinta Sinfonia de Beethoven, de Ludwig van Beethoven, onde é espelhado um dos períodos mais depressivos da vida do compositor que perdeu a audição. Em quatro andamentos, somos transportados numa viagem entre a dor e o prazer, passando por ambientes sombrios que conduzem à luminosidade apoteótica do último tema, num crescendo orquestral glorioso.  

Para encerrar o concerto, o "Fandango" da Suite Alentejana nº 1 de Luís de Freitas Branco. Apaixonado pela paisagem alentejana, Freitas Branco incorporou na sua obra múltiplos elementos do folclore da região, muitas vezes inspirado pelas viagens realizadas entre Lisboa e Reguengos de Monsaraz. Um dos trechos mais conhecidos do compositor, “Fandango” é o terceiro e ultimo andamento da Suite Alentejana nº 1, composta em 1919.

Embora seja largamente associado ao folclore da região do Ribatejo, onde podemos identificar perto de duas dezenas de variantes, o Fandango é referenciado a partir do século XVIII, em diferentes regiões de Portugal e Espanha, como uma dança para pares masculinos. Figurando uma disputa entre dois protagonistas, a música fornece o ritmo a esta dança rápida, com períodos frenéticos, resultando numa peça rica em jogos de timbres e plena de vivacidade.

Com uma programação inteiramente dedicada à música, a programação deste festival inclui vários concertos e actividades paralelas orientadas para diferentes tipos de público. O concerto é gratuito, mas levante o seu bilhete na Casa da Música, na Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia ou no ArrábidaShopping. 

Mesmo sem ir às compras, vale a pena reservar o serão para celebrar a música clássica esta noite, a partir das 22 horas.