Universidade de Évora cria uma cátedra na área aeroespacial

Terá a duração de cinco anos e um financiamento de quase 100 mil euros por ano.

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Universidade de Évora Pedro Cunha/Arquivo

A Universidade de Évora vai ter uma cátedra dedicada à área aeroespacial. O investimento nesta área, que será coordenada por um investigador especializado, é de quase 100 mil euros por ano e virá do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos, e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a principal instituição de financiamento público da investigação científica do país, tutelada pelo Ministério da Ciência.

O contrato foi assinado esta sexta-feira à tarde por Ana Costa Freitas (reitora da Universidade de Évora), Paulo Ferrão (presidente da FCT) e José Rui Felizardo (fundador e presidente do CEiiA), durante o Seminário Desafios para a investigação no Mediterrâneo: Alimentação, recursos e territórios, em Évora.

Uma cátedra é uma área de trabalho que tem um professor responsável por ela. No caso da nova cátedra da Universidade de Évora, é uma cátedra júnior, pelo que não tem obrigatoriamente de contratar um professor catedrático. Durante cinco anos, esta cátedra chamada CEiiA em Aeroespacial pretende suscitar a investigação e o desenvolvimento de materiais e de sistemas inovadores para a indústria aeronáutica, para a robotização e automação, assim como a certificação de processos e integração de sistemas.

Ligação entre empresas e universidades

“Estão a estabelecer-se em Évora empresas de aeronáutica e a Universidade de Évora tem algumas competências, mas não tem todas aquelas que achamos que devia ter”, disse ao PÚBLICO Ana Costa Freitas. “Com a criação desta nova cátedra, a Universidade de Évora dá mais um passo na sua missão fundamental ao nível da transferência de conhecimento e tecnologia, sedimentando o seu papel como motor de desenvolvimento da região, e potenciando o cluster aeronáutico que aqui se tem vindo a desenvolver nos últimos anos”, acrescenta um comunicado da universidade.

“Agora vamos abrir um concurso internacional para contratarmos alguém fortemente especializado para a universidade”, disse ainda Ana Costa Freitas, que espera que o concurso internacional para o investigador esteja aberto dentro de um mês e que a cátedra comece já no início do próximo ano, em Outubro. Além da cátedra, a reitora refere que a universidade irá abrir uma pós-graduação em aeronáutica e há a intenção de criar também um mestrado integrado. A Universidade de Évora tem mais três cátedras: Energias Renováveis, UNESCO e Biodiversidade.

“Isto é a demonstração da nossa influência na realidade, sendo que a realidade de Évora tem mudado muito nos últimos anos, especialmente pelas empresas de aeronáutica situadas nesta região. Por isso, temos de estar preparados para cumprir este desafio”, começou por dizer Ana Costa Freitas na sessão de assinatura do contrato da nova cátedra.

Ao seu lado, José Rui Felizardo destacou esta “assinatura simbólica” na relação do CEiiA com a região da Universidade de Évora, dizendo que tem o objectivo de aumentar o emprego científico e as qualificações. “Para a FCT”, referiu por sua vez Paulo Ferrão, “é da maior importância desenvolver estas ligações com a universidade e as empresas. É um momento particularmente importante, pois esta é uma empresa com um trabalho significativo na área aeroespacial.”

E como a assinatura decorreu em simultâneo com o 4.º Roteiro da Ciência – que o comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, está a fazer pelo Alentejo, que passou também pela feira Ovibeja e por laboratórios de investigação agrícola e agro-alimentares –, o presidente da FCT deixou uma metáfora a condizer com o contexto: “O que podemos esperar é que tenha sido lançada mais uma semente para uma árvore que daqui a uns anos estará bem crescida. E que possa ser um ponto de desenvolvimento para a universidade e para a região.”

No pólo da Mitra da Universidade de Évora, já depois do documento assinado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, disse: “Esperemos que estes exemplos sejam seguidos.” E foi protagonista de um “momento de pressão” a Paulo Marchioto, presidente da empresa Embraer (fabricante de aeronaves), que estava na sala, e que suscitou o riso geral. “Acho que devíamos pressionar a Embraer para apoiar uma nova cátedra. Aliás, para que apoie não só uma, mas várias cátedras.”

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