Portugal vai monitorizar clima e sismos em águas profundas no Algarve

Projecto faz parte de rede europeia de observação dos oceanos.

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Pedro Cunha/Arquivo

Portugal faz parte de uma rede europeia de observatórios do fundo do mar, a partir da qual vai instalar sensores em águas profundas ao sul de Sagres, no Algarve, para monitorizar sismos, alterações climáticas e ecossistemas marinhos.

A informação foi prestada à Lusa pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que coordena cientificamente a participação portuguesa. A rede Observatório Europeu Multidisciplinar para o Fundo do Mar e Coluna de Água (EMSO, na sigla em inglês), junta oito países, incluindo Portugal, e tem sede em Roma, em Itália.

Portugal participa, numa primeira fase, com um observatório marinho profundo no golfo de Cádis, ao sul de Sagres, uma zona de interesse sísmico e de confluência de correntes marítimas, do oceano Atlântico e do mar Mediterrâneo.

Um dos investigadores do IPMA envolvidos no projecto, Pedro Brito, explicou que vão ser instalados sensores entre dois a três mil metros de profundidade, que irão permitir uma observação continuada e prolongada da coluna de água – desde a superfície até ao fundo do mar – e com os quais será possível recolher dados de temperatura, pressão e propriedades da água e da velocidade de correntes, e sobre o solo e a vida subaquáticos.

Com estes instrumentos, os cientistas poderão monitorizar a actividade sísmica, o clima e os gases com efeito de estufa, a produção de fitoplâncton (algas microscópicas), os mamíferos marinhos e as reservas de pesca, assim como estudar a origem e os limites da vida e a dinâmica dos ecossistemas marinhos.

Um observatório submarino para testar a tecnologia a usar a sul de Sagres será instalado em águas de menor profundidade, até 200 metros, na zona norte de Portugal continental.

O projecto português, o EMSO PT, inclui ainda, na primeira fase, a criação de dois laboratórios: um para análise dos dados transmitidos pelos sensores (via satélite) e das amostras de água e sedimentos recolhidas por veículos robotizados, e outro para a manutenção de equipamentos electrónicos.

O EMSO PT, que o IPMA espera que possa começar em Maio, com um prazo de execução até 2020, está orçado em mais de oito milhões de euros, financiados por fundos portugueses (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e europeus (Programa Portugal 2020). Ao todo, estão envolvidas mais de uma dezena de instituições académicas e científicas.

A participação portuguesa no EMSO traduz-se num segundo núcleo, com um observatório dos Açores, no monte submarino Condor e no campo hidrotermal Lucky Strike, mas que não tem ainda financiamento atribuído.

A rede europeia de observatórios abrange locais-chave do mar europeu, englobando os oceanos Árctico e Atlântico e os mares Mediterrâneo e do Norte. Dela fazem parte França, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia, Reino Unido e Espanha, além de Portugal.

O EMSO é uma das componentes submarinas do programa europeu Copérnico, para observação da Terra. Redes de observatórios do fundo do mar como a europeia existem nos Estados Unidos, no Canadá, na China, no Japão e na Austrália.

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