Pirâmide subaquática ao largo da Terceira não existe

Dados de alta resolução do fundo do mar, recolhidos pelo Instituto Hidrográfico, não revelam nenhuma elevação especial na zona onde foi reportada uma estrutura com 60 metros de altura.

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O banco submarino D. João de Castro e a posição reportada da pirâmide subaquática IH

Tudo começou com o relato de um pescador desportivo no mês de Setembro: os seus equipamentos de leitura do fundo do mar indicavam a presença de uma estrutura com 60 metros de altura e cujo ponto mais alto estaria a 40 metros de profundidade, entre as ilhas Terceira e São Miguel, nos Açores. O relato remetia, assim, para a existência de uma pirâmide subaquática, que se localizaria perto do banco submarino D. João de Castro. Esta sexta-feira, a Marinha Portuguesa afirmou que uma tal estrutura não existe naquela zona.

O Instituto Hidrográfico (IH) — órgão da Marinha responsável pela cartografia hidrográfica do território português e que tem como atribuição a execução dos levantamentos da morfologia do fundo do mar (batimetria) — foi analisar os dados que tem recolhido na área onde foi reportada a pirâmide subaquática, por solicitação do Governo Regional dos Açores.

“Nos dados de profundidade do levantamento hidrográfico, realizado em 2009, não é possível confirmar a existência de tal figura geométrica, com a forma e dimensão divulgada, registando-se apenas uma elevação submarina, semelhante a outras elevações detectadas no Banco D. João de Castro”, refere a Marinha em comunicado.

O banco D. João de Castro, cuja ponta mais alta fica a cerca de 13 metros de profundidade, é uma zona onde os pescadores costumam deslocar-se à procura de zonas de pesca. Foi isso que o pescador desportivo também fez e o levantamento batimétrico que realizou com os seus equipamentos assinalava-lhe a tal estrutura.

“Nos modelos batimétricos gerados a partir dos dados existentes no IH, não é visível qualquer estrutura com a profundidade mínima de 40 metros, registando-se nessa posição [o local da suposta pirâmide subaquática] profundidades da ordem dos 540 metros. Estes dados foram recolhidos através de equipamentos de alta definição”, remata a Marinha.

Um vídeo disponibilizado pela Marinha, baseado em imagens de grande resolução, permite ver com pormenor o fundo do mar na zona do banco D. João de Castro.
 
 
 
 

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