Nem o amor é imune a esta doença

No último ano, uma doença que afecta o sistema imunitário de Johanna tornou-a alérgica a praticamente tudo. Até ao marido.

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O agravamento dos sintomas e severidade da doença impede que o casal partilhe o mesmo espaço Reuters/ENRIQUE MARCARIAN

Johanna Watkins tem 29 anos e sofre de síndrome de activação dos mastócitos, uma doença que afecta o sistema imunitário. Os mastócitos, células presentes na maior parte dos tecidos, desempenham um importante papel nas alergias enquanto criadores de mediadores químicos. Os sintomas e severidade da doença variam de pessoa para pessoa. A doença da jovem norte-americana faz com que seja alérgica a quase tudo, inclusive ao odor do marido, o que a torna altamente exposta ao risco de choques anafilácticos, cuja rápida progressão pode ser fatal.

A história é contada pela BBC, com quem Johanna Watkins conversou e conta como a patologia se foi agravando ao longo do tempo.

Actualmente Johanna não consegue sequer estar na mesma sala (ou piso) que o marido, Scott Watkins. Dorme sozinha no sótão do apartamento de uns amigos, com portas e janelas seladas, onde só circula ar purificado e de onde só sai para ir ao médico. Uma solução provisória, uma vez que a casa dos Watkins está a ser alterada para se tornar um espaço seguro para Johanna. O simples cheiro de uma pizaria do bairro, ou do fumo de tabaco, arrastado pelo vento, pode causar uma reacção alérgica fatal. O mesmo acontece com os fumos e vapores de cozinha.

Antes de ser diagnosticada com a doença, há cerca de três anos anos, Scott conta que quando encostava a sua cara à de Johanna ela tossia, mas até então o casal mantinha uma vida normal. Johanna trabalhava como professora e uma das actividades a dois incluía caminhadas ao ar livre.

Casados desde 2013, foi durante o último ano que a rápida progressão da doença tornou impossível que o casal mantenha proximidade física. Johanna e Scott perceberam que teriam de mudar drasticamente a forma como viviam.

Nem a simples rotina de ver uma série de televisão juntos é tarefa fácil para o casal, que quando se conheceu não sabia do estado avançado da doença. “Não podemos estar na mesma sala porque eu sou alérgica ao Scott. Se ele ficar três pisos abaixo de mim num outro quarto com o computador dele e eu com o meu então vemos a série ao mesmo tempo e vamos trocando mensagens sobre o que estamos a ver”, conta Johanna.

Johanna não reage à medicação normalmente aplicada nestes casos e por isso é impossível prever quando e se a situação irá mudar.

Scott, que se vê como uma ameaça para a vida de Johanna, conta ao canal britânico que quer garantir a segurança da mulher e por isso irá aguardar por uma solução médica para o problema. O também professor cozinha todos os dias para Johanna e vê nessa tarefa uma forma de “cuidar” dela. Uma ementa fixa que alterna apenas entre dois pratos, uma vez que Johanna está limitada a um número extremamente restrito de alimentos.

Apesar do insólito, Johanna, que acredita numa solução médica, diz que ter o marido na mesma casa, a uma chamada de distância, é por si só reconfortante e não deixa de apreciar as bênçãos que preenchem a sua vida.

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