Humanos chegaram à América do Norte 115.000 anos mais cedo do que se pensava?

Indícios baseiam-se na descoberta de um mastodonte com marcas de corte de ferramentas.

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Os cientistas a escavar o local onde o mastodonte foi encontrado Museu de História Natural de San Diego

Os primeiros seres humanos podem ter chegado à América do Norte há 130 mil anos, quando sempre se pensou que essa migração tinha sido há 15 mil, indica um estudo do Museu de História Natural de San Diego, nos Estados Unidos.

A nova informação baseia-se na descoberta, no condado de San Diego, na Califórnia, de restos de um mastodonte (mamífero parecido com o elefante mas com tamanho superior) com cerca de 130.000 anos, cujos ossos e dentes foram cortados com ferramentas manuseadas por humanos, como martelos e bigornas.

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A escavação Museu de História Natural de San Diego

Uma equipa de investigadores liderada por Thomas Deméré, do Museu de História Natural de San Diego, chegou a essa conclusão depois de examinar os restos fósseis de um mastodonte e ferramentas de pedra encontradas em 1992 perto de San Diego. A análise determinou que uma espécie não identificada de hominídeos habitava a região nessa época.

O estudo propõe que poderiam tratar-se de populações de Homo erectus ou de outra espécie de humanos, os denisovanos, originários da Sibéria.

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Ossos de mastodonte Museu de História Natural de San Diego

Steven Holen, autor principal do estudo publicado na revista Nature e director do Centro para a Investigação do Paleolítico Americano, em Hot Springs, referiu que os hominídeos, de que não foram encontradas ossadas, poderão ter vindo da Ásia através da ligação terrestre conhecida como Beríngia que ligava a Sibéria ao Alasca, onde hoje existe o estreito de Bering, ou terem chegado por via marítima ao longo da costa.

Até agora, os especialistas estimavam que os primeiros seres humanos tinham chegado à América do norte há 15.000 anos, no entanto os avanços tecnológicos têm permitido constatar que os ossos do mastodonte (Mammut americanum) têm cerca de 130.000 anos.

“Esta descoberta está a mudar o nosso conhecimento sobre quando chegaram os humanos ao novo mundo. Os indícios encontrados no local indicam que algumas espécies de hominíneos viviam na América do Norte 115.000 anos antes do que se pensava”, disse a presidente e directora executiva do museu, Judy Gradwohl.

A falta de colagénio nos ossos impediu a datação dos restos fósseis por radiocarbono, mas novas técnicas de urânio-tório levou-os a estabelecer a sua antiguidade em cerca de 130.000 anos, com um erro de aproximadamente 9400 anos. Durante este período, concluíram os especialistas, havia humanos na América do Norte com destreza manual e conhecimento experimental para usar ferramentas grandes e extrair a medula óssea dos ossos de animais de grande porte. 

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