E que tal uma visita ao espaço em Lisboa e à beira-mar?

A exposição Cosmos Discovery é uma viagem através de 200 artefactos originais da exploração espacial e de réplicas. A partir de sexta-feira vai estar em Belém (Lisboa).

A exposição abre na próxima sexta-feira
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A exposição abre na próxima sexta-feira Filipa Bernardo/Lusa
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Tudo começa com Júlio Verne e os seus livros de aventuras Da Terra à Lua e À Volta da Lua. Ao lado do escritor pioneiro da ficção científica, está também um dos precursores do cinema, Georges Méliès. É com estas referências que começa a exposição Cosmos Discovery, a partir da próxima sexta-feira no Terreiro das Missas, junto à Estação Fluvial de Belém, em Lisboa. José Araújo, produtor da empresa World Crew Events e desta exposição, escolheu começar com Júlio Verne e Georges Méliès esta aventura da humanidade no espaço. “Foram estes sonhadores que inspiraram os pioneiros do espaço e temos de mostrar isso aos mais jovens”, diz.

Depois de ter passado por Bratislava, na Eslováquia, ainda numa fase experimental, a Cosmos Discovery chega a Lisboa para a estreia mundial. Dentro de uma tenda branca entre o MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia e o Padrão dos Descobrimentos, a exposição tem seis salas e 2500 metros quadrados para explorar. É aí que se pode percorrer o passado, o presente e o futuro da exploração espacial.

“Demorámos cerca de um ano para fazer experiências, conceber o design da exposição e ter ideias”, diz-nos o checo Petr Suchanek, director da exposição, que envolveu uma equipa de cerca de 30 pessoas. Apesar de já ser experiente na produção de exposições, nunca tinha feito uma sobre o espaço e assume que teve de ler muito para chegar ao resultado final da Cosmos Discovery.

Afinal, a exposição é feita de muitas histórias da exploração espacial. Ao longo das seis salas, assinalam-se vários nomes determinantes como Von Braun, pioneiro alemão na construção de foguetões; Iuri Gagarin, o soviético primeiro homem a ir ao espaço em 1961; Alan Shepard, o primeiro norte-americano no espaço; e John Glenn, o primeiro norte-americano em órbita da Terra. Também são destacados animais como a cadela soviética Laika, o primeiro ser vivo na órbita da Terra, em 1957; e o Enos, o primeiro chimpanzé em órbita da Terra.

Já José Araújo mostra-se um entusiasta dos temas sobre o espaço e não se cansa de falar sobre todos os objectos da exposição, que vieram do museu Cosmosphere, no Kansas, Estados Unidos. É lá que há mais de 9028 objectos espaciais.

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Fato espacial Filipa Bernardo/Lusa

E poderemos fazer mesmo uma viagem em Lisboa com objectos que já foram ao espaço? Pode-se dizer que sim. Em toda a exposição, há cerca de 200 artefactos originais de missões norte-americanas, soviéticas e de outras agências espaciais. “Quando as pessoas nos vêm visitar, querem saber qual foi a motivação política dos astronautas para viajarem para o espaço, mas também querem saber como é o seu dia-a-dia no espaço”, diz José Araújo.

Como tal, nas vitrinas da exposição, há comida embalada em plástico que chegou a ir na missão norte-americana Apolo 8, como salada de atum, bolachas de água e sal e sanduíches de queijo. “Aqui mostramos o processo de liofilização [desidratação a baixas temperaturas], porque no espaço o peso é muito importante. Tirava-se o líquido da comida para ficar mais leve, e depois voltava-se a colocar lá água [já durante a missão]”, explica. Ao longo da exposição, também há kits de higiene e fraldas usadas pelos astronautas no espaço.

Uma parte do foguetão Saturno V

“E para quem ainda duvidar que fomos à Lua, temos aqui as câmaras Hasselblad”, anuncia José Araújo em frente a exemplares na exposição. Foram cerca de 15 câmaras fotográficas Hasselblad ao espaço e 12 ficaram na superfície lunar. Ao lado, há também um gravador de voz usado pela primeira vez na missão Apolo 7, e depois na Apolo 17 por Eugene Cernan, em 1972, o último homem na Lua.

Além disso, ainda há fatos de voo, como o do astronauta Charlie Duke, usado na missão Apolo 16, e do sétimo homem a caminhar na Lua, David Scott, em 1971, durante a Apolo 15. Há ainda um fato de arrefecimento, garrafas da Coca-Cola e da Pepsi (embora nunca tenham sido bebidas no espaço) ou ainda capacetes para saírem da nave espacial.

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Fraldas que eram usadas em missões espaciais André Kosters/Lusa

Para lá dos objectos que estiveram mesmo no espaço, há também réplicas. “Nem os americanos nem os russos deixavam sair as suas naves originais do sítio”, explica José Araújo sobre o facto de não existirem na exposição naves originais. Por isso, foram feitas réplicas à escala real da nave Mercury, por exemplo. Também há réplica do robô Opportunity, que se encontra em Marte, ou do veículo Lunar Rover. “Estas réplicas foram feitas no Cosmosphere, onde há artesãos, em que alguns trabalharam na NASA e têm os planos de construção das naves.”

Entre todos os objectos da exposição, José Araújo destaca ainda o motor com um sistema de propulsão do veículo Lunar Lander. Este motor era uma verdadeira “prova de vida” para os astronautas, porque era apenas testado na partida para a Terra. Outras das peças que destaca é o pneu dianteiro de um vaivém espacial ou o primeiro computador portátil usado em voos do vaivém espacial nos anos 80. “Queremos mostrar às pessoas que foi a miniaturização dos computadores nesta altura que permitiu que hoje tenhamos a tecnologia que temos.” Já Petr Suchanek destaca a parte original do motor F1 usado no foguetão Saturno V, que levou para o espaço as missões Apolo para a Lua. Esta peça foi resgatada há anos do oceano Atlântico.

Também haverá momentos em que os visitantes poderão experimentar fazer treinos como os dos astronautas, num giroscópio. Ou ver o espaço com óculos de realidade virtual. Ainda antes de abandonar a exposição, há uma homenagem a vários homens e mulheres que deram a vida pela exploração espacial.

Os bilhetes custam entre 10 e 16 euros (as crianças com menos de quatro anos não pagam). Ainda sem data de encerramento, José Araújo salienta que, nos próximos cinco anos, a Cosmos Discovery vai estar em países como a Alemanha, a Espanha e o Japão. 

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