A matemática da Terra também se encontra nas calçadas portuguesas

O planeta tem muitos desafios matemáticos. É isso que pretende mostrar o Ano Internacional da Matemática do Planeta Terra, que em Portugal é lançado esta terça-feira.

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Os grandes problemas matemáticos ligados ao planeta Terra vão dede os modelos climáticos relacionados com as alterações do clima até à crise económica AFP

A matemática rodeia-nos. Há matemática no crescimento das células, que, partir de certo tamanho, são obrigadas a dividir-se. Há matemática na rua, nas calçadas portuguesas, mas ela também cresce para outras escalas: económicas, planetárias, cósmicas. Ajuda a calcular a trajectória de asteróides, a construir modelos climáticos, a antecipar problemas económicos. É por tudo isso que se pretende uma maior ligação entre esta disciplina e o mundo no Ano Internacional da Matemática do Planeta Terra 2013 (MPT2013), que é lançado esta terça-feira às 19h no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

“A matemática está em todo o lado e está invisível e, às vezes, por descobrir. Acho que nunca acaba e, com os desafios que aí vêm, vai estar muito presente”, diz Carlota Simões, coordenadora nacional do MPT2013.

E os desafios que se antecipam neste início do século XXI são muitos e fáceis de enumerar: a energia para sustentar a civilização, a alimentação e a água para uma população crescente, as mudanças climáticas, a sustentabilidade das cidades, as epidemias, a poluição, a crise económica. “Um erro da economia é pensar que os recursos são infinitos. Os materiais e recursos humanos não são infinitos, é preciso mais diálogo entre economistas e matemáticos”, refere Carlota Simões, que é também vice-directora do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e professora do Departamento de Matemática na universidade.

Essa maior ligação entre a matemática e outras disciplinas foi o grande motor deste ano internacional. Em 2010, no Congresso Internacional de Matemática, o repto foi lançado por Christiane Rousseau, da Universidade de Montreal, no Canadá, e do comité executivo da União Internacional de Matemática.

“A proposta de Christiane Rousseau era ajudar a concentrar nessas questões todos os esforços dispersos em imensas áreas de investigação”, explica Jorge Buescu, do comité executivo do MPT2013, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática e professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

No início, a iniciativa destinava-se só à investigação, mas rapidamente se alargou a um grande projecto de divulgação para todo o público. Há quatro grandes temas definidos: um planeta por descobrir, onde cabem os temas dos oceanos, dos recursos naturais ou do clima; um planeta suportado por vida, com a biodiversidade ou a ecologia; um planeta organizado por humanos, onde se inserem os sistemas políticos, económicos, sociais e financeiros; e um planeta em risco, onde se destacam as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável.

Em Portugal, ao longo do ano, haverá duas grandes conferências internacionais, em Março e em Setembro, exposições em Coimbra e Lisboa, concursos para as escolas e outras actividades. A Associação Ludus vai andar em digressão pelo país a fazer o Circo Matemático, unindo a matemática às artes circenses. Quem quiser pode propor um evento no site oficial: http://www.mat.uc.pt/mpt2013/.

Hoje, terça-feira, no Pavilhão do Conhecimento, a matemática da Terra vai chegar com Música de Calçada. Ana Pereira do Vale, da Universidade do Minho, e o músico Gonçalo Freire mostram que a matemática nos frisos das calçadas portuguesas salta para a matemática na música. Como? Nos frisos da calçada tradicional portuguesa encontram-se sete simetrias diferentes, tal como existem sete tipos distintos de simetrias na música. Esta é assim uma maneira divertida de entrar neste mundo.
 
 
 

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