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As polémicas em torno da estátua de Camilo e da trasladação de Eça mostram um país que só parece funcionar ao retardador.
Isabel Ponce de Leão, eleita pelo movimento encabeçado por Rui Moreira, defendeu na assembleia municipal que a decisão de retirar a escultura que retrata o escritor “configura um poder censório”.
Não sou especialista em estatuária, mas não gosto da estátua de Camilo. Não a considero erótica ou pornográfica. Apenas pornograficamente horrenda.
É totalmente inaceitável que um presidente de Câmara pense que pode retirar estátuas do espaço público sem ouvir ninguém, nomeadamente comissão municipal de arte pública ou património cultural.
Com dois argumentos distintos — a deselegância da obra e a falta de uma deliberação municipal —, Moreira traçou o destino da estátua: as reservas municipais.
Autarca alega que desconhecia existência de uma deliberação municipal de 2012 que aprovara por unanimidade a implantação da escultura no actual Largo Amor de Perdição.
E o que fazemos às estátuas retiradas? Vão para um armazém? Por que não organizar um parque para estátuas caídas em desgraça, onde a corrosão do bronze possa acompanhar o envelhecimento das ideias?
“Feia e de mau gosto” são os argumentos de Rui Moreira para a decisão de retirar a estátua de Camilo junto à antiga Cadeia da Relação, concordando assim com a petição inicial de 37 “ilustres cidadãos”
Rui Moreira não está a ser presidente da Câmara Municipal do Porto, está, isso sim, a desempenhar funções de crítico de arte e não foi para isso que foi eleito.