Foi pena o primeiro-ministro não ter ido à manifestação da Avenida Almirante Reis, mesmo que na qualidade de observador. Teria constatado facilmente, sobretudo se se sentasse numa esplanada para ver passar os manifestantes, que a sua grande maioria era constituída por gente moderada, muito distante dos extremos, por quadros da função pública, advogados, médicos, académicos, ex-ministros, presidentes da Assembleia da República, muitos católicos, uma classe média que vive bem e que é politizada, potencialmente votante no PS ou no PSD, e que, normalmente, nem sequer frequenta manifestações. Havia jovens esquerdistas, a fazer barulho, a cantar e a tocar instrumentos exóticos, com palavras de ordem radicais, mas quem nunca teve 20 anos que atire a primeira pedra. 

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