A linguagem como vírus do desentendimento para Carla Bolito
Juntando duas peças curtas de Nathalie Sarraute, a encenadora testa o poder e os equívocos da palavra. Em Tudo a que se Chama Nada, no São Luiz de sábado a 26 de Fevereiro, ninguém se entende.
O cenário é o de uma vernissage. De copo na mão, olhares a vaguear pelos recantos da sala, mais atentos a quem por ali circula do que interessados em qualquer proposta artística, dois velhos amigos esbarram um no outro. Mas não é um reencontro esperado de dois homens íntimos, um abraço a celebrar a casualidade, os meses ou anos como se não tivessem passado e rapidamente resumidos e partilhados; é antes um cumprimento frio, denunciador de desconforto entre as duas partes. A amizade entre os dois, logo se percebe, já teve melhores dias. “Vim ter contigo porque queria fazer-te uma pergunta… eu queria saber… o que é que aconteceu?”, pergunta um (João Cabral) ao outro (Marcello Urgeghe).
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