Governo lança projecto para ensinar inteligência artificial aos alunos durante as férias

Projecto tem como objectivo último reforçar a formação e a retenção de jovens qualificados na área das TIC. Currículos vão ser revistos para abordar mais conteúdos sobre tecnologia.

Foto
Governo quer criar um "tutor educativo de inteligência artificial para apoiar os alunos" Paulo Pimenta/Público
Ouça este artigo
00:00
03:43

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Governo vai lançar um projecto-piloto em dez municípios para ocupar os alunos durante as férias escolares, ensinando-lhes programação, robótica e conteúdos relacionados com a inteligência artificial. É uma das medidas da Estratégia Digital Nacional, que foi aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, e que tem como um dos seus objectivos "ter 80% das pessoas com competências digitais básicas" até 2030, notou a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes.

Serão actividades "fora de uma educação mais formal" que terão como objectivo dar aos estudantes uma oportunidade para ganharem outras competências que, de outra forma, muitos não conseguiriam. "Sabemos que alguns jovens cujos pais têm capacidade financeira para custear estas oportunidades [fazem este tipo de actividades], mas temos de garantir a igualdade de oportunidades", justificou a ministra, considerando ainda que o período das férias acaba por acentuar "desigualdades sociais".

Este projecto-piloto, que será gerido pelo Instituto do Desporto e Juventude, surge também com o objectivo último de reforçar a formação e a retenção de jovens qualificados. Segundo a ministra, o país tem apenas 4,5% de profissionais a trabalhar na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A estratégia traça como meta aumentar esse universo para os 7% até 2030.

Currículos revistos e um "tutor educativo"

Ainda em relação às escolas, e no âmbito da avaliação curricular que o ministro da Educação já disse estar a ser feita, serão também revistos os currículos escolares, de modo a reforçar o ensino de conteúdos digitais, como a inteligência artificial e a robótica. Recorde-se que, este ano, o Governo tem em curso um projecto-piloto em sete escolas onde estão a ser aplicados projectos-piloto de inovação pedagógica. E onde se inclui também uma nova disciplina: Literacia e Dados, onde se inclui Literacia Financeira, Comercial, Laboral e Participação Democrática.

Margarida Balseiro Lopes lembrou ainda que, no âmbito da criação do grande modelo de linguagem (LLM) de inteligência artificial (IA) português — que o Governo está a desenvolver e se chamará Amália —, está prevista a criação de um "tutor educativo de inteligência artificial para apoiar os alunos", aproveitando muitos dos conteúdos que integram os manuais digitais que as escolas já hoje utilizam.

Questionado sobre se estes objectivos ambiciosos na área da digitalização não são contrários ao recuo que alguns países estão a fazer no uso de tecnologia nas escolas, Fernando Alexandre lembrou a recomendação de proibição do uso de smartphones na escola até ao 6.º ano, que o Governo fez no início do ano às escolas. "Esta é uma mudança que está a acontecer em todos os países. Os efeitos estão a ser avaliados, os países estão mudar de estratégia. Se chegarmos à conclusão que as escolas que proibiram têm melhores resultados, juntando à evidência que tem sido produzida sobre o impacto [destas tecnologias na aprendizagem], não teremos problemas em proibir os telemóveis nas escolas", notou.

Ainda assim, realçou, é importante que os alunos aprendam "a lidar com esta tecnologia porque ela é essencial para poderem beneficiar, por exemplo, da inteligência artificial".

As constantes avarias de computadores e a sua difícil reparação, assim como as falhas de conectividade à Internet, têm sido queixas constantes das direcções escolares e das famílias nos últimos anos. Esta semana, o Governo revelou que as escolas reportaram à tutela necessitar de 45 mil computadores novos ou reparados, para, entre outras coisas, garantir que os alunos que vão realizar as provas de monitorização das aprendizagens no 4.º e 6.º anos, assim como as provas finais do 9.º anos, terão condições de as fazer em formato digital.

De acordo com o ministro, as escolas onde serão realizados essas provas terão de comunicar à tutela, até 10 de Janeiro, todas as condições técnicas de que dispõem para assegurar a sua realização.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários