BE e IL chamam ministro à Assembleia da República para explicar dados “não credíveis” sobre alunos sem aulas

Pedro Nuno Santos acusou o Governo de não “fazer bem à democracia” com casos de “manipulação dos números”.

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O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre TIAGO PETINGA / LUSA
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O Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal querem que o ministro da Educação preste esclarecimentos no Parlamento, depois de ter reconhecido que os dados que levaram o Governo a declarar que o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina caiu 89% não são fiáveis. Pedro Nuno Santos acusou o executivo de não "fazer bem à democracia” com casos de “manipulação dos números”.

Na semana passada, Fernando Alexandre anunciou que haveria agora 2238 alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina desde o início do ano, menos 89% do que em idêntico período do ano passado [em que seriam cerca de 20.800 mil alunos]. Nesta quinta-feira, recuou e reconheceu que estes dados "não são credíveis": “Confesso que já não acredito nestes números. Para mim, deixaram de ter validade. Simplesmente não são credíveis”, disse ao Expresso.

"Queremos que o ministro explique [no Parlamento] se é incompetente, se é mentiroso, e porque é que o Governo andou a surfar esta propaganda quando foi avisado pela oposição que os seus números não eram verdadeiros", atirou Joana Mortágua, numa declaração aos jornalistas em que avançou que o Bloco de Esquerda vai chamar o governante à Assembleia da República.

Admitindo a possibilidade de o ministro ter sido induzido em erro pelos serviços, a deputada bloquista frisou: "A oposição, com os mesmos números, não foi induzida em erro."

"Das duas, uma: ou o Governo e o ministro da Educação são tão incompetentes que não conseguem perceber sequer a dimensão do problema da falta de professores" ou o "Governo montou mais uma manobra de propaganda e mentiu deliberadamente ao país sobre a falta de professores e sobre a suposta solução" para o problema, acusou Joana Mortágua.

Na noite de quinta-feira, também a Iniciativa Liberal requereu a audição urgente do ministro da Educação, "por considerar que é necessário um esclarecimento completo sobre os dados que têm sido divulgados", lê-se no requerimento enviado pelos liberais à Comissão de Educação e Ciência.

Do lado do PS, Pedro Nuno Santos considerou que é "grave para a democracia, para a verdade do debate, que se manipulem e se façam truques com números".

Em declarações aos jornalistas depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2025, o secretário-geral do PS acusou o executivo de não estar a "fazer bem à democracia” com casos de “manipulação dos números”.

Pedro Nuno Santos criticou ainda o ministro por não ter pedido "desculpa", depois de ter respondido "com arrogância" quando o PS alertou para o facto de os dados divulgados não serem verdadeiros.

Também para Paula Santos, líder da bancada parlamentar do PCP, o recuo de Fernando Alexandre confirma que os números anteriormente avançados tinham sido uma "aldrabice".

"Os membros do Governo quando prestam informações ao país devem ter a necessária ponderação", sublinhou a deputada, quando questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de o governante ter sido enganado pelos dados. "A ânsia de dizer que fez era tão grande" que "comparou aquilo que não era comparável", vincou, acrescentando que a preocupação do ministro "não foi a resolução do problema" mas pôr em curso uma "operação de propaganda para dizer que está a resolver os problemas".

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