Raimundo: só a “alteração profunda” das políticas do Governo leva à melhoria do país

Secretário-geral do PCP considerou que a demissão da ministra da Saúde não resolve os problemas do país, defendendo que é preciso uma “alteração profunda” nas políticas do executivo.

Foto
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
Ouça este artigo
00:00
02:38

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Paulo Raimundo defendeu que a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, não resolve os problemas do país, considerando que apenas uma “alteração profunda” das opções políticas do Governo permitiria uma mudança significativa.

A demissão de Ana Paula Martins “alterava a política de fundo?”, questionou o secretário-geral do PCP, este sábado, na manifestação organizada pela CGTP. “É que se se disser que a demissão da ministra leva à alteração profunda das opções políticas de fundo, é já, que se demita a ministra”, vincou, questionado pelos jornalistas sobre se a sequência de falhas no INEM deveria levar ao afastamento da responsável pela tutela.

“Independentemente do ministro A, B ou C, o problema está na política”, considerou Paulo Raimundo. “Mude-se o que se quiser, o que é preciso é mudar a política” na saúde, na habitação, nos salários, nas pensões e “nos direitos de quem trabalho”, disse.

Para o secretário-geral do PCP, o afastamento de Ana Paula Martins não significa a alteração das opções do executivo de “desmantelamento dos serviços públicos”, consagradas na proposta de Orçamento do Estado, aprovada na generalidade e que contou com a “abstenção do PS”.

“Não foi a ministra da Saúde” que decidiu transferir verbas do serviço público para os privados, disse Paulo Raimundo, argumentando logo a seguir que “foi a ministra da Saúde, foi o ministro das Infra-estruturas, foi o ministro da Economia, foi o primeiro-ministro".

Por isso mesmo, o líder do PCP sublinhou que a responsabilidade política nos problemas do INEM é das “opções” do executivo, nomeadamente pela imposição da regra de que por cada saída de um funcionário público, só pode entrar um, o que significa para Paulo Raimundo que há “milhares de postos de trabalho que não vão ser recuperados”.

O que Ana Paula Martins "devia ter feito" era "tomar as medidas necessárias para valorizar as carreiras e dignificar os trabalhadores", argumentou o secretário-geral.

"O que é preciso garantir" é que as pessoas, nomeadamente quem, este sábado saiu à rua para protestar, têm "melhores salários, melhores condições de trabalho, melhores condições de vida e também acesso" ao Serviço Nacional de Saúde mas "isso é uma daquelas garantias que o Governo não pode dar", lamentou.

Interrogado sobre se a CGTP deveria ter assinado o acordo de rendimentos com o executivo, o líder do PCP defendeu que "cada um tem que assumir as suas responsabilidades e a responsabilidade da CGTP é exigir salários dignos" e "aquilo que foi assinado" não "corresponde a esse objectivo".

Paulo Raimundo falou aos jornalistas na manifestação da CGTP, em Lisboa, convocada para a tarde deste sábado, depois de, durante a manhã, ter existido uma outra concentração de trabalhadores no Porto. Os manifestantes saíram à rua para reivindicarem melhores salários e pensões.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários