Cartas ao director

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Ah, Leão!

O presidente da Câmara de Loures, Ricardo (Coração de) Leão, pegou na bandeira do Chega e iniciou uma cruzada contra aqueles que causaram distúrbios no seu concelho. Despejo já, “sem dó nem piedade”. Castiguem-nos. Rua com eles. Vivam os sem-abrigo. Mais grave é, depois desta afirmação, achar que nada se passou, assobiar para o ar e afirmar “que a questão está resolvida, esta é uma polémica que não existe”. Que grande desfaçatez.

Enquanto cidadão, o que me preocupa é que um partido que se diz socialista mantenha alguém com este tipo de valores em lugar de responsabilidade. Preocupa-me também que possa haver mais “socialistas” que pensem da mesma forma. Tomar as bandeiras do Chega é a melhor forma de se perder a identidade e perder eleições. Na verdade, no campo do populismo, a extrema-direita será sempre muito melhor. Despejem-no já, “sem dó nem piedade”.

Fernando Vasco Marques, Várzea de Sintra

O poder da ONU em questão

A Organização das Nações Unidas (ONU) é a instituição internacional mais abrangente e representativa no mundo actual, correspondendo à época após o termo da Segunda Guerra Mundial. Mas qual a sua força e respeito pelos seus órgãos? Exemplos recentes para meditar. O secretário-geral, António Guterres, foi considerado persona non grata pelo Governo israelita, por ter tomado a justíssima posição contra o massacre que prossegue em Gaza. De máxima gravidade, é decidida a interdição pelo Governo de Israel da UNRWA (United Nations Relief and Works Agency), a única agência das Nações Unidas para assegurar o apoio para a sobrevivência da população de Gaza, sujeita ao extermínio contínuo, desde há um ano. Houve sanções contra o Governo de Israel? Não. Ficam reservados para outros. Na semana passada, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou, pela 32.ª vez, uma resolução para cessar o bloqueio dos EUA a Cuba, por 187 votos a favor, dois votos contra, dos EUA e de Israel, e a abstenção da Moldova. Prossegue o bloqueio sine die. E Guantánamo, num recanto da ilha.

José Manuel Jara, Lisboa

CGD, banco público para quê?

A CGD foi multada por violação das regras da concorrência. Ao invés de manter uma saudável distância dos concorrentes privados, fez o contrário, com prejuízo dos portugueses. Que também foram chamados a pagar as imparidades de um inacreditável conjunto de negócios ruinosos. E o seu preçário de spreads, encargos e comissões é caro. A maioria dos instrumentos de regulação financeira está no BCE, mas o Estado, accionista único, poderia (deveria?) utilizar o seu banco para pressionar em baixa o mercado interno de encargos bancários. E anunciou este semestre 889 milhões de lucro (aumento de 46%!). Deveríamos estar descansados, mas satisfeitos, não. Afinal, os dividendos que entregará ao Estado representarão uma outra forma de esbulho dos portugueses, a par dos impostos. Banco estatal, sim, sem prejuízos também, mas se não contribui para os portugueses terem uma banca segura, credível e a preços acessíveis, para que serve?

José Pombal, Vila Nova de Gaia

Tropas da Coreia do Norte na Rússia

Apesar da comprovada presença de tropas norte-coreanas na Rússia, a reacção da Europa não foi, na realidade, nenhuma. Fica provado, uma vez mais, que a Europa, enquanto força política, é muito fraca e, por isso, e só por isso, é que a Rússia continua a fazer praticamente o que quer na Ucrânia. Em verdade, nua e crua, a ajuda do Ocidente à Ucrânia tem ficado muito abaixo do mínimo exigível para quem diz e proclama que quer defender o Ocidente. (…) Todos os amantes da liberdade têm de acordar de imediato pois, se não o fizerem, a liberdade da Europa estará em risco. Acordem antes que seja demasiado tarde. Acordem, por favor. Os ucranianos merecem isso.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Jornais e campanhas eleitorais

Diversos comentadores políticos insurgiram-se contra o facto de o Washington Post e o Los Angeles Times não apoiarem a candidatura presidencial de Kamala Harris. Se um jornal de referência português apoiasse abertamente um partido ou uma personalidade em campanha eleitoral nacional, caía o Carmo e a Trindade. Como se trata de presidenciais norte-americanas, tudo é possível. É certo que a dinâmica política varia em muitos países, mas há um patamar que não deve ser enxovalhado: o da isenção e da honra.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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