Cinzas de meteorologista norte-americano lançadas no olho do furacão Milton
Cientista da NOAA que morreu em 2023 fez centenas de missões aéreas em furacões ao longo da sua carreira. Agora, colegas deitaram as cinzas no olho de um dos ciclones mais perigosos da temporada.
Depois de ter passado uma vida a estudar furacões, o leito final do meteorologista norte-americano Peter Dodge (1950-2023) foi um furacão. As cinzas do meteorologista, que morreu em Março de 2023, com 72 anos, foram libertadas no olho do furacão Milton, na terça-feira ao final do dia (hora local), quando o ciclone se movia por cima das águas do golfo do México em direcção à Florida, noticiou nesta quarta-feira o jornal norte-americano New York Times.
Durante grande parte da sua carreira, o meteorologista pertenceu à Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), onde trabalhou enquanto cientista de radares no Laboratório de Oceanografia Atlântica e Meteorologia, de acordo com a USA Today News, que confirmou a informação sobre a morte de Dodge.
Ao longo dos anos e durante as temporadas de furacões, o meteorologista era o responsável pelos radares em muitas missões aéreas do Centro Nacional de Furacões e do Centro de Operações de Aeronaves, que estudam os furacões em tempo real. Nestas missões, é comum o avião atravessar o olho do furacão. Algo que Peter Dodge fez 386 vezes, adianta a USA Today News.
Agora, as suas cinzas foram espalhadas no olho de um dos mais perigosos furacões da temporada, pondo um ponto final na história daquele meteorologista, em jeito de homenagem. “O Peter tinha uma verdadeira paixão inabalável em participar nas actividades de campo, incluindo em voar, e uma curiosidade insaciável pela pesquisa”, disse Shirley Murillo, vice-director do Departamento de Investigação de Furacões do laboratório da NOAA, citado pelo New York Times. “Ao libertarmos as suas cinzas no furacão Milton, procurámos honrar a sua memória e o seu espírito de equipa, de aventura e curiosidade.”
Esta não terá sido a primeira vez que as cinzas de um meteorologista foram lançadas num olho do furacão, de acordo com a informação recolhida pela USA Today News.
Kathryn Sellwood, uma meteorologista da NOAA que foi colega de Dodges, participou na missão e ajudou a lançar as cinzas durante a cerimónia de despedida de Dodge. Segundo a especialista, o avião só conseguiu estar durante um minuto no olho do furacão, um tempo bastante menor do que os cerca de cinco minutos que normalmente as missões conseguem fazer. Esta limitação deveu-se ao enorme tamanho da tempestade e ao seu “olho relativamente pequeno”, explica a USA Today News. “Isto foi um voo muito movimentado porque é um furacão muito poderoso”, afirmou Kathryn Sellwood, temendo que tenha um impacto muito grande.