Natalia Timerman é a convidada do Encontro de Leituras de Outubro

A brasileira vai ao clube de leitura do PÚBLICO e da Quatro Cinco Um, que decorre no Zoom, no dia 8 de Outubro (22h em Lisboa, 18h em Brasília), conversar sobre o romance As Pequenas Chances.

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Natalia Timerman Renato Parada/ Divulgação
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A escritora e médica psiquiatra Natalia Timerman é a convidada do próximo Encontro de Leituras. A autora, que nasceu em 1981, em São Paulo, vai conversar sobre o seu livro mais recente, As Pequenas Chances, publicado no Brasil em 2023 pela editora Todavia e lançado em Portugal pela Tinta-da-China. Um romance sobre como é vivido o luto numa família judaica, mas como se lê na contracapa da edição portuguesa, “apesar da morte, esta é uma história sobre a vida, sobre estarmos aqui, mais sobre o que fica do que sobre o que passa.”

A sessão do clube de leitura do PÚBLICO e da revista literária brasileira Quatro Cinco Um decorrerá no próximo dia 8 de Outubro, às 22h de Lisboa (18h em Brasília), no Zoom, como habitualmente, aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Aqui fica o link.

A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentam o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.

“Ainda que o meu pai fosse médico e eu também; durante aqueles dias, éramos pacientes, ou melhor, meu pai era o paciente do dr. Felipe, médico de cuidados paliativos, e eu, apenas a filha de um homem com uma doença terminal” (pág. 13).

No romance, uma mulher encontra o médico que tratou do pai dela durante a etapa final de um cancro. Essa conversa leva-a a revisitar lembranças do declínio físico do pai doente e do impacto na vida dos seus filhos, da sua mulher e dos netos. À medida que o fim se aproxima, as situações ganham contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro.

“Este é um livro de ficção escrito a partir de uma dor muito real que eu mesma vivi”, contou a escritora no programa brasileiro Conversa com Bial. “Ele é narrado por uma personagem que tem o mesmo nome que eu, mas que é uma personagem de ficção”, explicava a autora sobre As Pequenas Chances, livro que está dividido em três partes. A primeira “esmiúça todo o processo de luto que essa personagem viveu muito baseado no que eu mesma vivi”. A segunda parte trata da morte, dos últimos dias do pai dessa personagem, também inspirado nos últimos dias do pai da autora, Artur Timerman, médico especialista em doenças infecciosas, que esteve na linha de frente do combate à sida desde os primeiros casos da doença no Brasil, no início dos anos 1980. E na terceira parte, Natalia fala-nos de uma viagem que a personagem faz “em busca da família, dos seus ancestrais”.

Em 2023, As Pequenas Chances foi considerado um dos melhores livros do ano pela Quatro Cinco Um. Na recensão publicada na revista brasileira, a crítica literária Maria Carvalhosa escreveu: "A beleza de As Pequenas Chances não reside apenas no relato preciso do luto, mas na descrição da história de uma família. Nessas situações extremas forma-se uma nova aliança, de combate à doença, de amor e cuidado. No livro, Natalia descreve as regras do luto judaico, que ela, apesar de não ser religiosa, havia sido instruída a seguir por suas tias. Comer um ovo depois do enterro, sentar no chão com os irmãos e falar sobre o pai, cobrir os espelhos, rasgar a própria roupa, andar de meias em casa, virar as fotos do pai para baixo. Essas tarefas tinham uma explicação simbólica e religiosa, mas para ela ofereciam um amparo para lidar com a dor num momento no qual ficamos atordoados, sem norte."

Esta é a única obra da autora editada em Portugal. Natalia Timerman é também autora de Desterros: Histórias de Um Hospital-Prisão (2017), da antologia de contos Rachaduras (2019, finalista do Prémio Jabuti) e do romance Copo Vazio (2021).

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