A professora Vanessa Lucrécia publica numa revista jurídica internacional
Claro que tudo neste texto é ficção, sendo qualquer correspondência com uma qualquer realidade universitária pura coincidência.
A Professora Vanessa Lucrécia acordou, pela manhã, do seu longo sono. Sonhara que estava numa reunião do conselho científico da sua faculdade de Direito. Nela, a presidente do conselho espreguiçava-se, revelando uns anémicos e vagamente nojentos sovacos, o que justificava o ar compungido dos colegas, que fica sempre bem a professores universitários, e disse: “Temos que melhorar o resultado da nossa investigação no que respeita à obtenção de pontos no índice de publicações científicas Scrapus. Publiquem artigos de três páginas em inglês em revistas indexadas nesta plataforma. Podem ser sobre os aspetos jurídicos da vida sexual dos robots. Inspirem-se na Anaïs Nin para os gemidos e na definição de atos sexuais de relevo dos Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça, para o enquadramento conceptual do tema. Traduzam a Lei do Arrendamento portuguesa para inglês. Pode ser que algum nómada digital esteja interessado no assunto. Escrevam em português sobre a abordagem não-reducionista da linguagem jurídica normativa comprometida ou distanciada e traduzam o texto no Google Translator. Não se entenderá o conteúdo em nenhuma das línguas usadas, mas tanto faz. O importante é que publiquem e melhorem a posição relativa da doutrina dos nossos professores nos rankings internacionais.”
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