Descendentes de Gustave Eiffel querem anéis olímpicos fora da Torre Eiffel

A autarca de Paris reiterou o desejo de que os anéis fiquem na torre. Os herdeiros insistem que a cidade deveria, até ao fim do ano, transmiti-los a Los Angeles, como fez com a chama olímpica.

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Os herdeiros consideram que os anéis "modificam substancialmente as formas muito puras do monumento" Abdul Saboor / REUTERS
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Os descendentes do engenheiro Gustave Eiffel reiteraram esta segunda-feira, 9 de Setembro, a sua discordância com a manutenção, por tempo indefinido, dos anéis olímpicos na Torre Eiffel, sugerindo que os mesmos sejam "transmitidos simbolicamente" a Los Angeles, cidade que organiza os Jogos em 2028.

A Associação dos Descendentes de Gustave Eiffel (ADGE) entende que "a suspensão dos anéis olímpicos [...] induz uma modificação substancial, tanto no aspecto visual como no aspecto simbólico da Torre Eiffel", pelo que esperam a sua remoção até ao fim de Dezembro, quando terminar o ano olímpico.

Tendo isso em conta, reforçam a "posição desfavorável" à "perpetuação definitiva dos anéis [...] para além do ano olímpico de 2024, sem qualquer data clara de retirada anunciada".

Na sexta-feira, 6, a autarca de Paris, Anne Hidalgo, reiterou o desejo de que os anéis presos à famosa torre, que pertence à cidade, possam permanecer no monumento histórico até aos Jogos Olímpicos Los Angeles, em 2028, "e ainda mais além", reforçando a ideia que tinha expressado logo após a abertura dos Jogos Olímpicos Paris2024, que decorreram entre 26 de Julho e 11 de Agosto.

Essa ideia não tem merecido apenas o protesto da ADGE, mas também de vários defensores do património e opositores da socialista que dirige os destinos da capital gaulesa.

"Estamos muito felizes que os anéis tenham sido associados à Torre Eiffel durante os Jogos Olímpicos [...], porém, como herdeiros de Gustave Eiffel, somos levados a opor-nos a qualquer alteração que prejudique o respeito pela obra do nosso antepassado", explica a ADGE, em comunicado, revelando que estão a trabalhar com um escritório de advogados para os ajudar nesta questão.

Os membros da ADGE recordam que os anéis olímpicos são "coloridos, de grandes dimensões, colocados no eixo de acesso privilegiado à torre, criando um forte desequilíbrio", pelo que, referem, "modificam substancialmente as formas muito puras do monumento".

De igual modo, entendem que a perpetuação dos anéis contradiz a "neutralidade e o significado adquirido ao longo dos anos pela Torre Eiffel, que se tornou o símbolo da cidade de Paris e até de todo o mundo".

Os membros da ADGE reforçam a ideia com o facto de não existir "qualquer ligação temática ou histórica anterior entre a torre e os Jogos" e colocam-se à disposição da autarca para discutir o assunto, insistindo, contudo, que Paris deveria, até ao fim do ano, transmitir os anéis a Los Angeles, uma vez que já fez o mesmo com a chama olímpica.