Cartas ao director

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O perigo da guerra nuclear não está extinto

Faz a 6 de agosto e a 9 de agosto, há 79 anos, que a humanidade ficou conhecedora do poder destrutivo, à escala de centenas de milhares de seres humanos mortos instantaneamente ou pouco depois da explosão, de duas bombas, uma de urânio e outra de plutónio, respectivamente, em Hiroxima e Nagasaki. É certo que foi um aviso e o ponto final na II Guerra Mundial no Oriente. Duas grandes cidades que morreram ardidas, reduzidas a cinzas. Essa memória existe no Museu e no Jardim da Paz em Hiroxima e está viva na consciência coletiva de cidadãos do mundo inteiro. O filme Oppenheimer, de excecional qualidade e rigor, surgiu no momento certo, em que se reavivam tantãs de guerra sem limites, com enfrentamentos de superpotências armadas com armas nucleares, muito mais potentes que a “Fat Man” e a “Little boy”. (…) Uma guerra nuclear contemporânea seria o suicídio/homicídio universal. E os eventuais poucos sobreviventes, em bunkers, hominídeos das cavernas.

José Manuel Jara, Lisboa

A bíblia de Abraão

No PÚBLICO de dia 5 de Agosto, escreve David Dominguez Ramos, advogado e mestre em Direito Internacional, sobre o modo como Israel reage a qualquer crítica a propósito do genocídio que leva a cabo há quase cem anos sobre o povo da ocupada Palestina. Israel diz ter direito de conquistar toda a Palestina pois esta lhe foi dada por Abraão e apresenta a Bíblia deles (Antigo Testamento) como prova. Eles regem-se pela antiga religião baseada nesse testamento, a qual nem sequer fala em humanidade. (…) Chego a duvidar que o “ataque” de 7 de Outubro que atribuem ao Hamas foi mero pretexto para os ataques mais ferozes sobre a Palestina: nada sobrou, nem escolas, nem hospitais, prédios inteiros. Aliás, há muito tempo que já não há água potável, alimentação, trabalhadores humanitários, médicos. É Abraão que o ordena?

Helena Azul Tomé, Lisboa

Quando vamos reconhecer a Palestina?

No ano de 1975, a Indonésia invadiu Timor-Leste, que ainda se encontrava sob administração portuguesa. Era então primeiro-ministro o almirante Pinheiro de Azevedo. Uma jornalista perguntou-lhe: então, senhor PM, que decisões vai tomar agora? Pinheiro de Azevedo, que não era homem para se pôr com evasivas, respondeu da seguinte maneira: minha senhora, aqui não se tomam decisões; as decisões tomam-se em Washington, Londres e Moscovo. Hoje é um pouco diferente, as decisões tomam-se também em Bruxelas. Por isso, senhores activistas, não percam tempo a perguntar ao PM quando vamos reconhecer a Palestina, porque, se ele fosse frontal e directo como Pinheiro de Azevedo, o que diria é “estamos à espera de ordens”. A Espanha já reconheceu, porque a Espanha pode.

Quintino Silva, Paredes de Coura

Turismo sim, mas q.b.

Continua a grande invasão de turistas. Oiço muitos especialistas a dizer que o turismo não pode crescer assim desmesuradamente. Eu próprio, quando vou à Baixa, sinto-me quase sem respiração envolvido por turistas por todos os lados em grupos com guias ou aos pares. Os tuk- tuk param por todo o lado. O lixo é muito e Portugal, para além de Lisboa, Porto e Sintra, é tão bonito. (…) E se vem aí outro covid ou coisa parecida, vamos viver de quê com a escassa exportação que temos? Das 60 medidas anunciadas para o desenvolvimento, 17 são para ajudar o turismo. Fico na expetativa de ouvir alguém com poder dizer, tal como a minha avó dizia quando dava uma receita de culinária: sal, quanto baste. Digo eu: turismo sim, mas quanto baste.

José Rebelo, Caparica

Porque é que a inflação não desce?

Há uns dois anos escrevi uma Carta ao Director defendendo que a suposta "inflação" era, em grande medida, resultado de um aproveitamento da grande distribuição que, usando o argumento da guerra, do custo do petróleo e de outras coisas, aproveitava para aumentar à bruta os preços dos produtos de consumo (tomates, fruta e tudo o mais). Pouco tempo depois começaram a apresentar as suas contas anuais de 2022 e 2023 e descobrimos que tinham tido lucros fabulosos. Anormais. Claro. Agora já não sou só eu (e mais uns poucos) a denunciar esta origem da "inflação" nos preços no consumo; agora temos, por exemplo, uma economista de renome, a alemã Isabella Weber, que chegou a uma conclusão parecida e que defende que a "inflação" é, em boa medida, resultado de um aproveitamento de alguns para aumentos de preços anormais – e, logo, lucros anormalmente elevados, como em Portugal estamos a ver em vários setores (distribuição, banca). Quem nos defende enquanto consumidores e cidadãos desta "distorção" de mercado?

Fernando Vieira, Lisboa

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