Cartas ao director

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IRS jovem, o grande amigo dos patrões

Os impostos nasceram há muitos, muitos anos com o objectivo de proporcionar receitas ao Estado para este fazer face às despesas que tem de suportar para proporcionar aos cidadãos do país o melhor bem-estar possível na área da saúde, da educação, da habitação, dos transportes, da segurança e de todos os serviços públicos que, conforme determinam os artigos 103.º e 104.º da CRP, atenuem as desigualdades entre todos os cidadãos, sem excepção.

Por isso, o dinheiro dos impostos deve ser gasto, isso sim, naqueles bens, pagando a médicos, professores, polícias, militares e a todos os funcionários que exercem e desenvolvem serviços públicos de interesse nacional. Infelizmente, as coisas não têm sido assim, os governos têm-se servido dos impostos para propagandear situações que nada têm que ver com o serviço público, é o caso, por exemplo, do denominado IRS jovem: uma pessoa acaba a formação académica superior com 30 anos, vai trabalhar, e durante cinco anos não paga IRS ou paga uma ninharia; se tiver acabado a sua formação académica superior aos 31 ou mais anos, já não tem direito a essa isenção, porquê?

Porquê, porque a história do IRS jovem nem sequer devia existir. Os governos, se querem dar mais disponibilidade financeira a quem começa a trabalhar ou evitar que emigre, deve é criar mecanismos que obriguem as empresas a pagar melhores salários, não a miséria que se passa actualmente. É vergonhoso, seja como for, a receita dos impostos (receita do Estado) é sagrada, tem destino, não pode ser para dar a mão aos patrões.

Fernando Castro Ribeiro, Porto

Transladação do monumento ao empresário

Com a desculpa das obras do metrobus retiraram o monumento ao empresário na intersecção das avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa, desterrando-o para o fim da Avenida de Cartes. Quem por lá passa agora, se circular de carro na VCI, quase não o vê, pois fica tapado pelo enorme edifício adjacente ou pelos painéis publicitários existentes no local. O mesmo se diga circulando a pé. Será que o monumento que representa bem as dificuldades em ser empresário merecia este tratamento? E o escultor José Rodrigues, o que diria desta transladação? Seguramente que a obra também nasceu para o enquadramento que tinha e não para ser ostracizada como agora. E não se diga que foi desmontada e colocada noutro local por causa das obras do metrobus. Mesmo ao lado onde estava o monumento havia muito espaço para o recolocar. Em vez disso, dizem que criaram espaços verdes. Pois julgo bem que no local onde plantaram os jacarandás, árvores lindíssimas de que muito gosto e agora em plena floração, poderiam perfeitamente recolocar o monumento sem o deslocar para um espaço onde não está minimamente enquadrado. O escultor, a obra e o seu enquadramento, a proximidade a Serralves e a cidade merecem-no.

Artur Rodrigues, Porto

Sugestões

Sendo o PÚBLICO um jornal de referência onde trabalham excelentes jornalistas, e onde – convidados pela direcção do jornal – escrevem prestigiados colaboradores, colunistas e articulistas – que elaboram textos uns mais interessantes do que outros –, seria uma mais-valia que o PÚBLICO, como jornal plural, aberto às mais variadas formas de pensamento e ideias, convidasse colaboradores/articulistas como, por exemplo, Henrique Neto e Eugénio Rosa. Henrique Neto é uma figura histórica de peso do PS com um pensamento próprio, assertivo, interventivo e com uma visão política amadurecida, caldeada pelas lutas do PS. Por seu lado, Eugénio Rosa é um conceituado e probo economista que já esteve próximo do PCP mas que, presentemente, faz análises bem credíveis e bem fundamentadas tendo por base a realidade económica do país e não se coibindo de denunciar os erros e as patranhas que se repercutem no bolso dos portugueses (leia-se, por exemplo, o esclarecido texto “Pobreza dos pensionistas vai aumentar em 2025”, publicado num hebdomadário, onde, regularmente, expõe as suas ideias).

António Cândido Miguéis, Vila Real

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