Patrice Lagisquet: “Conseguir desafiar a Austrália é fantástico”

O seleccionador nacional de râguebi admite que Portugal devia ter sabido “controlar melhor a bola” em inferioridade numérica, mas disse estar “muito orgulhoso” pela exibição contra os “wallabies”.

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Tomás Appleton acredita que Portugal pode vencer Fiji dentro de uma semana Reuters/PAUL CHILDS
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Terceiro jogo, terceira conferência de imprensa onde, no final, Patrice Lagisquet e Tomás Appleton surgiram perante os jornalistas com a sensação de que a exibição de Portugal no Campeonato do Mundo de râguebi soube a pouco. O seleccionador nacional reconhece que o cartão amarelo a Pedro Bettencourt, na primeira parte, “teve muito impacto”, lamentou que os “lobos” não tivessem “sido mais realistas” nesse período, mas sublinhou que ter “conseguido desafiar a Austrália é fantástico”. Já o capitão português disse que o reconhecimento que Portugal tem recebido pelas exibições “é muito importante”.

Mais sorridente do que há uma semana, em Toulouse, quando viu fugir nos últimos minutos uma vitória histórica sobre a Geórgia, Lagisquet começou por comentar o momento que marcou o encontro. O antigo internacional francês admitiu que o cartão amarelo mostrado a Pedro Bettencourt, um par de minutos depois dr o segundo-centro português ter feito o primeiro ensaio da partida, “teve muito impacto” nos jogadores, que não conseguiram “jogar de forma apropriada”.

“Tínhamos de controlar mais a bola durante esse período. Tentámos continuar a jogar com largura, mas não tivemos capacidade para o fazer, da forma como estamos organizados. Foi suicídio. Não resistimos [a tentar jogar], quando deveríamos ter usado o jogo ao pé. Disse isso ao intervalo aos jogadores. Não temos experiência suficiente. Devíamos ter sido mais realistas e isso custou-nos 21 pontos.”

Embora reforce que Portugal “ainda tem algumas coisas a melhorar”, Lagisquet mostrou-se, no entanto, “muito orgulhoso” pela exibição conseguida “contra uma equipa como a Austrália”. “Evoluímos muito, depois dos dois meses de preparação. Conseguir desafiar esta selecção australiana é fantástico.”

“Muito orgulhoso por ter tantos espectadores” nas bancadas do Stade Geoffroy-Guichard a apoiar Portugal — “Não estivemos à altura deles, eles foram muito melhores que nós” —, Tomás Appleton disse que ouvir os elogios no final do capitão australiano, Rob Valetini, “é muito bom”, uma vez que a equipa portuguesa está a ser reconhecida “por jogadores tão importantes”.

O jogador do CDUL admite, no entanto, que não está surpreendido pela forma como os “lobos” têm jogado em França: “Durante estes últimos quatro anos fizemos muitos esforços. Estávamos confiantes que, no final, o trabalho duro teria de valer a pena.”

Com o grau de exigência habitual, Appleton disse que contra a Austrália ficou “decepcionado” por alguns erros na defesa, mas mostrou confiança que, dentro de uma semana, contra Fiji, Portugal consiga mostrar o que quer, “que é vencer”.

Ainda antes de a partida começar, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou “o percurso da equipa portuguesa, que tem sido excepcional”. Depois de António Costa ter assistido ao jogo de estreia de Portugal contra o País de Gales, em Nice, e de Augusto Santos Silva ter estado nas bancadas do Stade de Toulouse para ver o Portugal-Geórgia, o Presidente da República viajou até Saint-Étienne para apoiar uma “equipa que tem ainda tanto, tanto de amadora.”

Para Marcelo Rebelo de Sousa, os “lobos” têm sido importantes “na projecção mundial do desporto português e de Portugal”, mais ainda sendo o râguebi “um desporto que é muito especial”. “É um desporto feito de rigor, de disciplina, de respeito por todos. Todos os desportos supostamente são assim. Mas este é particularmente rigoroso nessa matéria.”

O chefe de Estado considerou ainda que “a comunidade portuguesa é muito, muito importante em França”, destacando, por isso, o apoio que a selecção de râguebi tem recebido. Apoio, esse, vincou, que “não é monopólio do futebol”.

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