Médicos de Lisboa e Vale do Tejo cumprem dois dias de greve. Adesão é “muito forte”

As negociações entre sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde iniciaram-se em 2022, mas, até ao momento, não houve acordo.

Foto
Greve de dois dias inicia-se esta quarta-feira Manuel Roberto/Arquivo
Ouça este artigo
00:00
03:08

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A segunda greve de dois dias dos médicos de Lisboa e Vale do Tejo iniciou-se às 0h desta quarta-feira, englobando hospitais e centros de saúde que não foram abrangidos pela paralisação que decorreu a 13 e 14 de Setembro. E, de acordo com o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, a adesão está a ser "muito forte", estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos.

"Há garantia de que os serviços mínimos estão totalmente assegurados nas urgências externas e internas e nos tratamentos de hemodiálise, aquilo que faz parte dos serviços mínimos, mas nós estamos expectantes, tal como nas greves anteriores, que possam ter uma muito expressiva adesão", indicou o responsável na manhã desta quarta-feira.

De acordo com Jorge Roque da Cunha, a greve terá impacto nas cirurgias programadas, consultas externas nos hospitais e nos centros de saúde, causando perturbação aos utentes.

"Nós tudo fizemos para a evitar. Durante o processo negocial não o fizemos. Fizemos uma greve nacional em Julho e depois um conjunto de greve regionais e hoje [quarta-feira] é a segunda greve regional de Lisboa e vale do Tejo", disse.

De acordo com o secretário-geral do SIM, estrutura sindical que convocou a greve, nos últimos dez anos, os médicos perderam cerca de 22% do seu poder de compra e a proposta do Governo de 3,1% não é aceitável. "A greve é algo que não desejamos. Os doentes que não vejo no meu centro de saúde terei de os acompanhar numa altura posterior, mas não restou outra possibilidade senão fazer esta greve", sublinhou.

A greve regional, que se estende até às 0h de sexta-feira, abrange os centros hospitalares Lisboa Norte, Lisboa Central, Lisboa Ocidental, do Oeste, Médio Tejo e os hospitais Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), de Santarém, o Hospital Forças Armadas e o Hospital Prisional de Caxias.

Segundo o SIM, são também abrangidos pela paralisação o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses Sul, o Instituto Português do Sangue e Transplantação e a Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

Os médicos dos Agrupamentos de Centro de Saúde (ACES) de Lisboa Norte, Lisboa Central, Ocidental e Oeiras, Amadora, Sintra, Oeste Norte, Oeste Sul, Médio Tejo e Lezíria também são abrangidos pela paralisação de dois dias.

Segundo o SIM, a greve visa exigir do Governo “uma resposta efectiva” ao caderno reivindicativo sindical e que seja apresentada pelos ministros das Finanças e da Saúde “uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na Tabela Remuneratória Única da função pública”.

Os serviços mínimos devidos durante a greve médica regional são os estabelecidos na regulamentação colectiva do trabalho em vigor no SNS, refere o SIM.

As negociações entre sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde iniciaram-se em 2022, mas até ao momento não houve acordo.

Notícia alterada às 9h25: Acrescenta declarações do secretário-geral do SIM