Portugal quer quebrar ciclo de 18 anos: “Não somos os favoritos, mas queremos ganhar”
No segundo jogo no Campeonato do Mundo de râguebi, a selecção nacional defronta a Geórgia, um velho conhecido que tem sido intransponível desde 2005.
Há 16 anos foi no jogo de despedida, mas, tal como aconteceu no Mundial 2007, contra a Roménia, será em Toulouse que Portugal enfrentará, no Campeonato do Mundo de râguebi, o duelo em que, em teoria, terá mais probabilidades de vencer. Após uma estreia, contra o País de Gales, em que o resultado (8-28) e a exibição da selecção nacional surpreenderam pela positiva, hoje o jogo será bem diferente. Pela frente, no Stade de Toulouse (13h, SportTV3), os “lobos” vão medir forças com a Geórgia, num duelo sem segredos. As duas selecções defrontam-se regularmente nas provas da Rugby Europe, mas desde 2005 que Portugal não derrota os georgianos - nos últimos 17 jogos, contam-se 14 desaires portugueses e três empates.
O plano de jogo é fácil de prever. De um lado, vai estar uma Geórgia que procurará sempre impor o seu jogo físico, duro e fechado, através de investidas constantes dos avançados. Do outro, estará Portugal a tentar fugir, sempre que possível, a esse embate, libertando rapidamente a bola para que a velocidade e o talento dos seus jogadores das linhas-atrasadas façam a diferença. E Raffaele Storti, uma das novidades na equipa titular em relação ao jogo contra o País de Gales - vai substituir o castigado Vincent Pinto -, será uma das armas dos “lobos” nesse capítulo.
O antigo jogador do Técnico, que alinha no Beziers, da segunda divisão francesa, fez ontem a antevisão da partida e traçou o perfil do segundo rival de Portugal no Mundial 2023: “A Geórgia é muito forte nos seus avançados e nas fases estáticas - alinhamentos e formações-ordenadas.”
Recordando o último frente a frente entre as duas selecções (vitória por 38-11 da Geórgia em Março, na final do Rugby Europe Championship), Storti diz ter “a certeza” que Portugal será capaz “de defender melhor”.
Nessa partida, disputada em Badajoz, a equipa portuguesa não contou com Storti, Nuno Sousa Guedes, Rodrigo Marta, Samuel Marques e Rafael Simões, jogadores fulcrais para a estratégia do seleccionador Patrice Lagisquet e que hoje deverão ser titulares em Toulouse.
Mesmo com estes importantes reforços, João Mirra, adjunto de Lagisquet, alertou para a valia do adversário: “Não estamos com rodeios: não somos os favoritos, mas queremos ganhar.”. Para o técnico português, estar 18 anos sem vencer os georgianos é algo que “condiciona de forma positiva”, até porque os portugueses gostam de “pressão”. “Estamos cá por causa dela, mas a maior pressão vem de nós para nós próprios, porque acreditamos que isso pode ser um ‘boost’ para conseguirmos, desta vez, ganhar”, explicou.
“Temos de dar 200%”
Sendo expectável um duelo intenso entre avançados, o que certamente provocará um enorme desgaste aos oito jogadores portugueses do “pack”, Patrice Lagisquet optou por colocar no banco seis avançados e apenas dois três-quartos.
João Granate, que formará a terceira-linha com Nicolas Martins e Rafael Simões, diz que os portugueses estão conscientes de que terão de “manter a intensidade o máximo de tempo possível”. “Para os jogadores que começam de início, sabemos que temos de dar 200%. Há outros jogadores com a mesma qualidade que vão acabar o jogo da mesma forma que os outros começaram. Essa estratégia passa por isso, por manter a intensidade nos avançados durante os 80 minutos”, comentou o jogador do GD Direito.
Se, do lado português, houve poucas mudanças em relação ao primeiro jogo - a entrada de Pedro Bettencourt para o lugar de José Lima é a maior novidade -, a Geórgia, mesmo não tendo jogado na semana passada, alterou quase tudo em relação à estreia contra a Austrália, em que sofreu uma derrota, por 15-35.
O seleccionador georgiano, Levan Maisashvili, mudou dois terços da sua equipa (dez alterações), parecendo querer apostar na experiência. Na primeira e na segunda-linhas, que terão um papel importante no jogo, a Geórgia terá jogadores como Mamukashvili, Nariashvili e Mikautadze, que já contam com mais de oito jogos em Mundiais.
Destaque ainda para a terceira-linha, composta a 100% por jogadores do Top 14 - a primeira divisão francesa, o mais exigente campeonato europeu. Mais surpreendente é a aposta numa dupla de médios (Abzhandadze e Aprasidze) com poucas rotinas.