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Na Linha do Oeste

É difícil para o meu entendimento perceber como é que a CP dá lucro. Eu, que sou reformado, optei por utilizar o comboio na Linha do Oeste para ir de Lisboa para São Martinho do Porto, se tiver a sorte de apanhar um comboio para lá, não tenho a certeza se apanho outro para cá. Lembro-me bem do motor de uma composição que caiu na linha. Depois vieram as “camelas” em fim de vida em Espanha, mas alugadas a Portugal por bom preço. Vieram as carruagens, mas as peças principais ficaram lá e agora que as carruagens estão nas últimas, que se avariam a toda a hora, têm de esperar que as peças venham de Espanha.

Durante os meses fortes de Verão tivemos as greves infindáveis dos maquinistas, dos bilheteiros, dos ferroviários, dos cobradores. Provavelmente todas com razão, mas, lá bem no fundo, que confiança posso ter eu quando me dirijo a uma estação da CP para apanhar um comboio e corro o risco de estar três e quatro horas à espera de um comboio? Mais grave ainda será para aqueles que se servem do comboio para ir trabalhar.

A Linha da Beira Alta fechada há três anos. E têm lucros? Saberá a CP que a razão de ser da sua existência sou eu e todos os utentes pagantes? Até quando?

José Rebelo, Caparica

Comboio para Viseu

Recordo o texto da Greenpeace, referido no artigo de Clara Barata no PÚBLICO de 19 de Setembro: “A Greenpeace (…) apela ao Governo português para que garanta o financiamento necessário para reabrir linhas ferroviárias (…).” Algumas reaberturas têm mérito evidente. Se a linha do Alentejo funcionasse entre Ourique e Beja (23 quilómetros), as obras em Grândola poderiam ser realizadas sem beliscar a ligação ao Algarve; com o Douro reaberto, entre Pocinho e Barca d’Alva (28 quilómetros), as regiões turísticas do Alto Douro e Vale do Côa ficariam mais acessíveis ao turismo qualificado e estava encaminhada uma relação Porto-Salamanca, que já existiu. Mas a mais espectacular seria a retoma da Linha do Dão, entre Santa Comba e Viseu, em bitola ibérica e via dupla (50 quilómetros): Viseu poderia ter ligações directas e frequentes a Lisboa e isso seria muito importante para a capital da Beira Alta e para os dez municípios adjacentes.

Eduardo Zúquete, Lisboa

BCE ao serviço de quem?

O BCE resolveu voltar a subir as taxas de referência para 4,5%, o que irá provocar o aumento das mensalidades dos empréstimos da compra de casa, do carro e electrodomésticos. Muitos milhares de famílias irão ficar com a corda na garganta. Ao contrário do que o Governo diz, poderá acontecer que a própria banca venha a ter problemas quando, de forma maciça, as pessoas entregarem as casas e os carros, etc., que não podem continuar a pagar.

A maioria de nós passou pela crise do início da década de 2010 e bem se sabe como aconteceu. Primeiro, foram as dívidas do Estado que levaram ao aumento de impostos e à redução dos rendimentos dos trabalhadores da administração pública; depois foi o comércio, o imobiliário, e em catadupa a indústria, etc., até à destruição da própria banca, que também tivemos de pagar.

Toda esta situação levou à quebra dos rendimentos da classe trabalhadora, que, passados dez anos, ainda não recuperou o poder de compra e direitos laborais que tinha no início do século. Perante esta situação, pergunto: ao serviço de quem está o BCE? (…)

Mário Pires Miguel, Reboleira

O Presidente e o decote

Começa a ser muito, mas muito grave quando qualquer gesto, qualquer movimento, qualquer frase é de imediato interpretada com segundas, terceiras e quintas intenções. Pior ainda quando essas frases são ditas por alguém — goste-se ou odeie-se quem o diz — que se sabe que não é machista, sexista ou racista. Começa a ser muito perigoso quando umas pessoas — e, normalmente, as que se acham donas de temas como a eutanásia, o aborto, o feminismo — entram pela porta do policiamento, da fiscalização daquilo que outras e outros dizem. Não são, assim, defensoras dos valores que apregoam e começam a parecer-se com os censores do tempo do Estado Novo, com o controlo apertado do que cada um diz, disse, vai dizer. O Presidente da República (…), por ter feito no Canadá uma referência ao decote de uma jovem portuguesa, é sexista, machista? É assim que se é sexista, machista? De certeza? Poupem-nos a estes fiscais de maus costumes e não aproveitem a ocasião para ter palco, para aparecer e para dizer indevidamente mal do Presidente da República. Não contribuam para dar força aos populistas.

Augusto Küttner, Porto

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