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Lisboa terá finalmente o primeiro superquarteirão

A Freguesia de Campo de Ourique vai arrancar com o projecto-piloto daquele que será efectivamente o primeiro superquarteirão da capital. A ideia que tem sido amplamente debatida e testada em várias geografias vê agora finalmente a luz do dia num teste no Jardim da Parada para que o superquarteirão se torne efectivo.

A ideia nascida em Barcelona foi debatida no primeiro Conselho de Cidadãos de Lisboa, tendo sido uma das propostas apresentadas pelos participantes. A Câmara Municipal de Lisboa, acossada pelas críticas públicas dos participantes devido à inércia no que concerne às propostas saídas do primeiro Conselho de Cidadãos, articulou em tempo recorde um suposto superquarteirão na Praça da Alegria que desvirtua complemente a ideia-base do modelo inicial.

A conjunção de esforços e necessidades permitem agora testar o primeiro superquarteirão, sendo que percebo as reticências dos moradores sobre a sua exequibilidade, mas certamente com o contributo de todos poderão os cidadãos e a junta chegar a um modelo consensual e adequado à realidade da freguesia. A Câmara de Lisboa deve considerar sempre o modelo-base de superquarteirão e não enveredar por um modelo amorfo que não permite aos cidadãos experienciarem uma melhor cidade.

Bruno Antunes, Lisboa

Guterres e os pântanos

No seu artigo de sábado, o sociólogo António Barreto convida/propõe e solicita a candidatura de António Guterres à Presidência da República. Sabendo-se as razões que levaram este a que se demitisse do cargo de primeiro-ministro (o pântano da política em Portugal...) e, se for coerente, não estou a vê-lo em qualquer outro cargo político no país.

Afinal, ele trocou um pequeno atoleiro pelo descomunal pântano que são as Nações Unidas, especialmente o Conselho de Segurança. Além disso, dizem que a Fundação Gulbenkian paga muito bem aos seus administradores...

Edgar da Mata, Queluz

Uma exigência inconstitucional

Na edição de sábado, vem António Barreto sugerir e quase exigir que o engenheiro António Guterres se candidate à Presidência da República. Ora, nunca é de mais repetir que Guterres cumpre uma penitência pelo facto de há cerca de 30 anos, depois de se declarar em estado de choque após o seu partido ter perdido as eleições, haver prometido aos cidadãos a realização de um contrato à maneira rousseauniana, ao abrigo do qual governaria o país como se fossem os cidadãos a fazê-lo. E começou muito bem, aliás, alertando desde logo para que o aparelho do Estado não estava reservado para a malta, mas que era de todos os portugueses.

Depois... enfim, depois, todos sabemos o que aconteceu e como tudo acabou, quando os vendilhões cercaram o templo e ele, católico declarado, ao invés de os escorraçar se foi embora e, pecando por omissão, abriu a oportunidade para o surgimento das três vergonhas e da tragédia que assolaram o país: a vergonha da cimeira das Lajes; a vergonha do Governo que teve de ser demitido, quando o Presidente já estava pelos cabelos; a vergonha do chefe do Governo que se viu depois a braços com a justiça; e finalmente a tragédia de o Governo do país ter ido parar às mãos de uma espécie de clérigos fanáticos que clamavam aos quatro ventos que para nossa salvação tínhamos todos de empobrecer!

Agora também temos de ser razoáveis: dez anos. Dez!, na ONU, é penitência que basta. E de resto, pelo princípio penal do non bis in idem, ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo facto, pelo que a exigência de António Barreto é claramente inconstitucional.

Sérgio Tovar de Carvalho, Lourinhã

Permeabilidades

Parabéns a João Miguel Tavares pelas suas crónicas sempre acutilantes, mas assertivas. Especialmente a última, em que usa o seu cartão vermelho para repreender a participação influente de figuras ou instituições em torno de uma certa modalidade desportiva que de tão hegemónica se torna atractiva para a prática de permeabilidades tácticas. O que se espera de certas instituições é o fomento e apoio da prática desportiva à generalidade da população, especialmente aos mais jovens, enquanto actividade colaborativa, socializante e promotora da saúde.

José M. Carvalho, Chaves

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