Sunny Garden, um festival de artistas “das seis da tarde” que agora nasce no Porto

O novo festival portuense acontece este sábado e domingo, na Associação de Moradores da Bouça. Um festival que valoriza a tranquilidade, a qualidade e a sustentabilidade. E não pretende crescer.

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O festival conta com nomes como Ana Frango Elétrico (esquerda), Valter Lobo (meio) e Milo Korbenski (direita) DR
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Um festival de cantautores, diurno, sem a azáfama do costume — e toda a família é bem-vinda. É esta a proposta do novo festival de música do Porto, o Sunny Garden Festival. Entre este sábado e domingo, na Associação de Moradores da Bouça, nasce um festival assumidamente pequeno — no máximo, terá com 400 pessoas a assistir — e que, confessa a organização, é para ser mantido num formato intimista. Estava previsto que o festival se realizaria nos jardins da UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, mesmo no coração da cidade, mas as condições meteorológicas obrigaram a organização a mudar o evento de local.

“Lembro-me de estar a comentar com um amigo que ambos gostávamos daquelas bandas das seis da tarde e não tanto dos headliners. Vamos aos festivais mais por essas bandas”, conta João Afonso, da organização do Sunny Garden. “Surgiu a ideia de começar a pensar num festival desse género, fácil de estar, a que as pessoas fossem pela diferença de experiência, calmamente, sem pressas, sem filas, com os amigos, a família. Ir para casa cedo, e voltar no dia a seguir.”

No cartaz estão confirmados nomes nacionais como Valter Lobo, Carlos Sanches, himalion e chica, mas também artistas estrangeiros como Ana Frango Elétrico, do Brasil, e Milo Korbenski, do Reino Unido, ambos em estreia em Portugal. Todos os projectos — mesmo aqueles que normalmente se apresentam em palco com banda — vão dar concertos com um formato mais intimista, a solo.

João Afonso assume que uma das missões do festival é “introduzir [artistas] que são fantásticos, ao nível dos grandes que vêm às grandes salas, mas que têm pouca [divulgação] no país”. Ahana, um dos nomes confirmados, não tem sequer, ainda, música de estúdio editada.

Na curadoria, esforçaram-se por equilibrar a qualidade — independentemente dos likes nas redes sociais ou dos plays nas plataformas de streaming — e a diversidade, em todos os aspectos. “[Tivemos] o cuidado de ter bastantes trabalhos portugueses e um equilíbrio entre homens e mulheres. Tivemos esse cuidado e vamos mantê-lo sempre.”

Sustentável e para toda a família

Para já, o Sunny Garden ainda não conta com ofertas direccionadas para a pequenada, apesar de ser um dos planos para o futuro. No entanto, o evento foi pensado tendo em mente que muitas vezes os festivais não facilitam a vida a quem gosta de música mas tem filhos. “Os horários foram feitos a pensar nisso. Os pais podem vir e irem para casa a horas”, explica João Afonso. Os concertos decorrem todos entre as 11 da manhã e as 20 horas.

Querer primar pela tranquilidade e organizar um festival no centro do Porto pode parecer paradoxal, mas, assegura o organizador, não é, de todo. “A saída dos festivais costuma ser um stress. [O Sunny Garden] é no centro para facilitar o acesso aos transportes, sem grandes custos.”

Mesmo na área da restauração, aconselha-se aos festivaleiros que reservem com antecedência refeições, no site do festival, para evitar filas desnecessárias, mas também para reduzir o desperdício alimentar. A sustentabilidade e a redução do desperdício foi uma preocupação em “toda a parte logística”.

“Vai ser só um palco, o que mesmo em termos de consumo de energia é melhor. O facto de não haver uma banda completa a viajar, com instrumentos, etc., também baixa obviamente a pegada [ecológica]”, detalha a organização.

Mais promoção, mais artistas, mais estrutura

Até agora, a adesão ao festival tem sido “lenta”, algo que não assusta a equipa por trás do festival. Aliás, já há planos para tornar o Sunny Garden um evento anual.

Em próximas edições, a organização tenciona “aumentar o número de projectos a actuar, aumentar a estrutura, ter alguma coisa [direccionada] para as crianças e aumentar a oferta na parte da restauração”.

Os bilhetes diários custam 40 euros e os passes gerais 70. Ambos os ingressos já podem ser comprados no site do festival. Para crianças até aos 12 anos acompanhadas pelos pais, a entrada é gratuita.

Artigo actualizado às 16h40 devido à alteração de local do evento.

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