Reciclar a esperança: pais na Nigéria pagam escola com resíduos

Uma escola na cidade de Lagos, na Nigéria, aceita resíduos recicláveis como pagamento da propina. O projecto visa ajudar na educação de crianças e promover a sustentabilidade ambiental na comunidade.

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O valor obtido com a venda dos resíduos recicláveis pela escola pagam os salários dos professores e as despesas dos alunos Temilade Adelaja/Reuters
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O valor obtido com a venda dos resíduos recicláveis pela escola pagam os salários dos professores e as despesas dos alunos Temilade Adelaja/Reuters
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Um homen pesa um saco com embalagens de plástico trazido por Fatimoh Adeosun, mãe de um aluno da My Dream Stead Temilade Adelaja/Reuters

O nigeriano Fawas Adeosun, aluno do quarto ano, costumava ser mandado da escola de volta para casa, pelas ruas da cidade de Lagos, porque a sua mãe, Fatimoh, não pagara as propinas. A situação durou até que Fawas foi matriculado numa escola diferente que oferecia uma solução inovadora.

A escola My Dream Stead — no vasto e empobrecido bairro de Ajegunle onde vivem os Adeosuns — é uma das 40 escolas de baixo custo da capital comercial da Nigéria que aceitam resíduos recicláveis como pagamento.

Nos últimos quatro anos, uma organização ambiental local chamada African Cleanup Initiative tem recolhido garrafas, latas, pacotes de bebidas e recipientes de plástico trazidos para as escolas pelos pais e vendido as recolhas a empresas de reciclagem. As receitas das vendas pagam os salários dos professores, os uniformes dos alunos, os livros e as canetas, entre outras despesas.

O projecto visa reduzir o número de crianças que não frequentam a escola, bem como a quantidade de lixo nas ruas de Lagos, afirmou Alexander Akhigbe, fundador do grupo ambientalista. As propinas da My Dream Stead são de 130 dólares (aproximadamente 121 euros) por ano e a escola expande-se agora para um segundo bloco de apartamentos para acomodar os seus 120 alunos. Apenas sete crianças estavam matriculadas quando a escola abriu em 2019.

“Quando descobri que me podiam recolher os plásticos para manter o meu filho na escola, aliviei o meu fardo”, diz Fatimoh Adeosun sobre o projecto Temilade Adelaja/Reuters
“Quando descobri que me podiam recolher os plásticos para manter o meu filho na escola, aliviei o meu fardo”, diz Fatimoh Adeosun sobre o projecto Temilade Adelaja/Reuters
“Quando descobri que me podiam recolher os plásticos para manter o meu filho na escola, aliviei o meu fardo”, diz Fatimoh Adeosun sobre o projecto Temilade Adelaja/Reuters
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“Quando descobri que me podiam recolher os plásticos para manter o meu filho na escola, aliviei o meu fardo”, diz Fatimoh Adeosun sobre o projecto Temilade Adelaja/Reuters

Resíduo como moeda de troca

Algumas manhãs, Fatimoh e Fawas vão a pé para a escola com sacos de lixo aos ombros. Os resíduos são pesados quando chegam ao destino e o valor da sua venda é adicionado à conta de Fawas. “Por vezes, se ele quer comprar roupa desportiva, a escola diz-me a quantidade [de resíduos] que devo levar”, conta Fatimoh, uma cabeleireira de 48 anos que cuida sozinha de seis filhos.

A subsistência de Fawas, o mais novo, tem sido particularmente difícil desde que foi obrigada a desocupar o quarto que utilizava para trabalhar em 2018. “Quando descobri que me podiam recolher os plásticos para manter o meu filho na escola, fiquei aliviada”, disse ela enquanto vasculhava os caixotes de lixo nas ruas à procura de materiais recicláveis quando regressava da escola.

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