A arbitragem nacional quer ser independente, como lá fora

O plano da Federação Portuguesa de Futebol é criar um modelo de gestão externa que consiga desenvolver e organizar a arbitragem de forma independente. O plano ainda não será real em 2023/24.

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Artur Soares Dias, árbitro português LUSA/OCTÁVIO PASSOS
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A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai criar um modelo para o sector da arbitragem passar a estar sob gestão de uma entidade externa e independente do organismo de futebol.

Porquê a ideia? Não se sabe muita coisa. A FPF disse apenas oficialmente, nesta terça-feira, que quer a “constituição e desenvolvimento de um quadro de árbitros mais adequado”.

O organismo garante que esta ideia não advém de uma eventual falta de independência e liberdade da arbitragem, mas apenas da abertura a novas ideias.

Quem vai participar? José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem, liderará o processo, mas contará com ajuda da Liga de Clubes – e o presidente, Pedro Proença, terá especial sensibilidade para o tema, pelo passado como árbitro. Também a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) foi desafiada a entrar na solução e Luciano Gonçalves, que lidera a APAF, foi convidado nesta terça-feira a entrar no grupo.

O modelo não avançará seguramente para a temporada 2023/24, até porque ele poderá comportar também alterações complexas a nível legal e jurídico nos regulamentos desportivos nacionais. O cenário mais célere, e não garantido, será a temporada 2024/25.

Em matéria de detalhes sobre o modelo, o que se sabe – e não é muito – é que a ideia será aproximar a arbitragem portuguesa daquilo que já é feito noutros países. E o que é feito nesses países?

Ingleses pioneiros

Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos são alguns exemplos de países que têm a arbitragem sob gestão independente.

Espanha, por outro lado, é um país que está, como Portugal, a tentar implementar esse modelo, já que Javier Tebas, presidente da La Liga, disse há algumas semanas que pretende uma gestão desse tipo.

Os próprios clubes pretendem esse modelo independente, mas a federação espanhola tem uma ideia diferente. Quer mudanças, separando alguns dos poderes em órgãos mais autónomos, mas sem criar uma verdadeira comissão independente.

O que parte dos espanhóis querem – e portugueses parecem querer também – é criar uma entidade externa que faça a gestão dos árbitros, mas sem excluir as entidades do futebol.

Em Inglaterra, a comissão independente, chamada PMGOL, desenvolve e forma os árbitros. É também por ela que passa a formulação dos quadros por categoria, estabelecendo os critérios de subidas e descidas. Fazem ainda as nomeações para os jogos, definem os salários e negoceiam os acordos comerciais.

Na Alemanha, as funções da comissão são bastante semelhantes. A única diferença é que o plano só foi implementado em 2022 e que a divisão de participação não é igualitária: 51% da comissão pertence à federação alemã, 49% à Bundesliga.

Nos Estados Unidos o funcionamento também é bastante semelhante, ainda que com um “bónus”: existe, por exemplo, a transparência de a comissão lançar vídeos com análise e explicação dos lances mais importantes da jornada e, por vezes, até com apresentação das comunicações entre VAR e árbitros de campo.

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