Cantora brasileira Astrud Gilberto morre aos 83 anos

Foi a voz da versão inglesa de Garota de Ipanema e a primeira mulher brasileira a ganhar um Grammy. Lançou mais de uma dezena de discos e colaborou com nomes como Tom Jobim e Chet Baker.

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Astrud Gilberto, 1972 Ingo Barth/ullstein bild /Getty Images
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Astrud Gilberto e Stan Getz (à esquerda) 1964 Michael Ochs Archives/Getty Images
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A cantora Astrud Gilberto, voz da versão inglesa de Garota de Ipanema e a primeira mulher brasileira a conquistar um Grammy, morreu esta segunda-feira, aos 83 anos, anunciou a família nas redes sociais.

A imprensa brasileira deu conta da notícia da morte da cantora através do Instagram da neta Sofia Gilberto Oliveira, enquanto o diário britânico The Independent remeteu a confirmação para o Facebook do guitarrista Paul Ricci, que trabalhou com a artista, citando ainda o filho João Marcelo Gilberto. "Venho trazer a triste notícia que minha avó virou estrela hoje. E está ao lado do meu avô João Gilberto", escreveu Sofia Gilberto Oliveira no Instagram.

Astrud Evangelina Weinert nasceu a 29 de Março de 1940, em Salvador, na Bahia, filha de pai alemão e mãe brasileira. Cresceu no Rio de Janeiro antes de se mudar para os Estados Unidos, onde viveu o resto da sua vida.

Em 1963, Astrud Gilberto tornou o clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes num hit mundial com Girl from Ipanema, na versão de Stan Getz e João Gilberto, seu marido na altura. Em 1965 recebeu um Grammy por esta canção, levando a bossa nova a públicos de diversas geografias.

No entanto, a cantora brasileira não colheu os frutos do sucesso. Não recebeu crédito no vinil original do disco Getz/Gilberto, onde aparece Girl from Ipanema, e, segundo vários relatos reunidos pelo jornalista Martin Chilton no jornal The Independent, em 2022, Astrud ganhou apenas 120 dólares pelos dias de trabalho, apesar de ter sido, de forma quase consensual, a maior responsável pelo êxito de Getz/Gilberto, álbum que cimentou "a aproximação da bossa nova com o jazz e também a entrada do género brasileiro no mercado americano", refere o jornal brasileiro Folha de S. Paulo no obituário dedicado à artista.

"Ela acreditava nas pessoas e confiava. Aproveitaram-se da natureza dela, da confiança e do seu desejo de fazer música", disse o filho João Marcelo Gilberto ao jornal britânico, no ano passado. Astrud Gilberto não voltou a actuar no Brasil depois de 1965.

Divorciada de João Gilberto em 1964, lançou, um ano depois, o álbum de estreia homónimo, que contava com Jobim na guitarra. No ano seguinte editou The Shadow of Your Smile. Seguiram-se mais de uma dezena de discos, muitos deles sucessos de vendas, incluindo colaborações com ídolos seus como Chet Baker, com quem cantou Far Away no disco That Girl from Ipanema, e uma versão de Fly Me to the Moon.

Mais tarde, em 1996, cantou Desafinado com George Michael. Ainda nesse ano, colaborou com o francês Étienne Daho na canção Les Bords de Seine. Astrud deu ainda voz a Quiet Night of Quiet Stars, versão em inglês para Corcovado, de Tom Jobim.

Além do Grammy por Girl from Ipanema, Astrud Gilberto foi distinguida em 1992 com um prémio de carreira pela sua contribuição para o mundo do Jazz Latino. Em 2008, recebeu um Grammy Latino pela carreira.

Forte defensora dos direitos dos animais, participou em várias campanhas de organizações como a PETA.

Com Lusa e Folha de S. Paulo

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