Mulher condenada em 2003 pela morte de quatro filhos libertada após novas provas

Equipa de cientistas concluiu que as mortes dos filhos de Kathleen Folbigg podem ter causas genéticas. Mulher foi condenada a 40 anos de prisão em 2003.

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Kathleen Folbigg David Gray/Reuters

As autoridades australianas indultaram uma mulher que tinha sido condenada a 40 anos de prisão, em 2003, pela morte dos quatro filhos, depois de um relatório independente ter atribuído a causa de morte a uma mutação genética.

Kathleen Folbigg, de 55 anos, já foi libertada, depois de ter recebido também um perdão incondicional da governadora-geral de Nova Gales do Sul, Margaret Beazley, segundo a emissora pública australiana ABC.

Numa conferência de imprensa em Sydney, o procurador-geral do estado de Nova Gales do Sul, Michael Daley, disse que o perdão foi a solução escolhida para permitir que Folbigg "fosse libertada sem demora".

O relatório final do segundo inquérito de reavaliação do caso, conduzido pelo antigo juiz Tom Bathurst, poderá recomendar ao Tribunal de Recurso do estado de Nova Gales do Sul que anule a condenação de Folbigg.

No ano passado, as autoridades australianas ordenaram que o caso de Folbigg fosse reavaliado, depois de um grupo de cientistas ter indicado a possibilidade de as mortes se terem ficado a dever a uma rara mutação genética.

Os quatro filhos de Folbigg — Caleb, Patrick, Sarah e Laura — morreram entre 1989 e 1999, quando tinham entre 19 dias e 18 meses de idade; inicialmente, as autoridades médicas decidiram que as mortes, por sufocamento, se deviam a causas naturais.

No entanto, a morte do quarto filho levou a polícia a começar a suspeitar de Folbigg, que acabou por ser condenada pelo assassínio de três filhos e o homicídio involuntário de um quarto, acusações que a mulher sempre rejeitou.

O perdão surgiu depois de Tom Bathurst ter concluído que "existem dúvidas razoáveis quanto à culpa de Kathleen Folbigg por cada um desses crimes", disse Michael Daley.

Em 2020, uma equipa de cientistas, coordenada pela imunologista espanhola Carola García de Vinuesa e liderada pelo dinamarquês Michael Toft Overgaard, concluiu que as mortes dos filhos de Folbigg podem ter causas genéticas.

O estudo, publicado na revista especializada da Associação Europeia de Cardiologia, relacionou uma mutação genética encontrada em Sarah e Laura com uma probabilidade mais elevada de morte súbita cardíaca.

Além disso, a investigação, realizada por uma equipa internacional de 27 cientistas, constatou que as crianças carregavam variantes raras de um gene que, de acordo com outros estudos, pode causar a morte de ratos de laboratório por ataques epiléticos.

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