Cientistas anunciam descoberta na África do Sul dos primeiros túmulos da pré-história

A equipa liderada por Lee Berger divulgou os novos resultados num repositório de pré-publicações e ainda terão de passar pela revisão crítica de outros cientistas.

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Lee Berger com uma réplica do crânio do Homo naledi James Oatway/Reuters

Uma equipa liderada pelo paleoantropólogo Lee Berger acaba de anunciar ter desenterrado os mais antigos túmulos pré-históricos descobertos até agora na África do Sul, descoberta que faria recuar os primeiros vestígios de práticas mortuárias em pelo menos 100.000 anos.

“Estes são os mais antigos enterramentos de hominíneos alguma vez registados, antecedendo os enterramentos do Homo sapiens em pelo menos 100.000 anos”, afirmam os cientistas numa série de artigos, que ainda têm de ser revistos por pares antes de serem publicados na revista científica eLife. “Estas descobertas mostram que as práticas mortuárias não se limitavam ao Homo sapiens ou a outros hominíneos com grandes cérebros”, acrescentam os cientistas, que disponibilizaram os artigos científicos no repositório de pré-publicação BioRxiv.

Os túmulos ovais, situados a cerca de 30 metros de profundidade, foram detectados no sítio paleontológico do Berço da Humanidade, a noroeste de Joanesburgo, Património Mundial da UNESCO, repleto de grutas e de fósseis pré-humanos modernos, a nossa própria espécie.

Contêm os ossos do Homo naledi, que tinha um cérebro do tamanho de uma laranja e cuja descoberta em 2013 pelo mundialmente famoso paleontropólogo Lee Berger já tinha posto em causa certas teorias da evolução.

Os túmulos mais antigos descobertos até agora, nomeadamente no Próximo Oriente e no Quénia, datam de cerca de 100.000 a.C. e contêm os restos mortais do Homo sapiens, ou humanos modernos, a nossa espécie.

Os enterros descobertos na África do Sul datam de há 200.000 a 300.000 anos.

Durante as escavações que começaram em 2018, a equipa de Lee Berger também encontrou símbolos geométricos – linhas, quadrados e cruzes –​ traçados nas paredes dos túmulos. Isto significaria que [outros] humanos [além de nós ou dos neandertais] não só não são os únicos a desenvolver práticas simbólicas, como podem nem sequer ter inventado esses comportamentos”, defende o paleoantropólogo de 57 anos apoiado pela National Geographic Society e cuja revista noticia agora estes novos resultados.

Os investigadores associam geralmente o domínio do fogo, da gravura e da pintura ao grande tamanho do cérebro dos humanos modernos, como é típico do homem de Cro-Magnon.

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