Cartas ao director

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Imperdoável

Sem querermos visar quem deveríamos apontar, mesmo assim, achamos imperdoável que fosse atribuído uma viatura de serviço, no valor de 116.000 euros, ao presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que tem agregada a si cerca de 400 instituições.

De facto, o caso tornou-se público no PÚBLICO de 1 de Junho, o que nos deixou completamente indignados, tendo em conta o que muitas associadas sofrem para manterem o dia-a-dia, quase em falência, onde tudo (quase) faltaria, se não fosse o denodo, o bem-fazer dos seus provedores, dos restantes membros das mesas administrativas e dos seus trabalhadores, que são pau para todas as colheres. Assim, não. Estes maus exemplos não se coadunam com o que diariamente passamos e sofremos para mantermos os nossos utentes nas melhores condições possíveis, num voluntariado que já está a ultrapassar o limite das nossas forças.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Eleições em Espanha

A derrota dos socialistas espanhóis nas eleições regionais e municipais levou o PSD a lançar foguetes e a apanhar as canas. Luís Montenegro devia saber que os povos de Espanha têm o sangue na guelra. Os espanhóis preocupam-se com questões sociais ao contrário da generalidade dos portugueses. Os lusos reclamam em casa e nos cafés, mas até sair à rua em protesto vai uma distância astronómica. Quando o Partido Unitário dos Reformados e Pensionistas recebeu 0,22% de votos nas legislativas de 2019, é fácil de ver o desperdício da força dos reformados. O Chega não vai precisar de fazer campanha, tal é a atenção que os partidos lhe dedicam, em especial Augusto Santos Silva e António Costa. Convém recordar que o Chega se coligou nos Açores com o PSD. Custa ver o triste espectáculo dado pelos governantes. São pagos pelos contribuintes portugueses.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

​O adeus a Sánchez?

Obrigado a Jorge Almeida Fernandes pelo excelente comentário sobre as recentes eleições em Espanha. De facto, Pedro Sánchez protagonizou todos os comícios eleitorais desta campanha, relegando os verdadeiros candidatos para posições secundárias. Saiu-se mal, triunfou o anti-sanchismo. Estas eleições foram realmente um plebiscito sobre o actual presidente do Governo de Espanha. Não surpreende assim a sua decisão de dissolver as Cortes e convocar novas eleições legislativas.

É certo que nalgumas comunidades e municípios o Partido Popular (PP) só alcança a maioria absoluta para governar se obtiver o apoio do Vox. Pode esta aliança (se acontecer) prejudicar o PP nas próximas eleições legislativas de 23 de Julho? O único exemplo que temos de coligação PP-Vox existe desde há mais de um ano no governo da comunidade de Castela-Leão. Vejamos o que aconteceu no domingo nas eleições municipais desta comunidade. O PP teve uma subida de votos em todos os municípios e alcançou maiorias de governo em cidades tão importantes como Valhadolid, feudo tradicional do PSOE. Não parece que esta coligação tenha prejudicado nenhum dos dois intervenientes.

Por último, no domingo, o PP obteve quase mais 800 mil votos do que o PSOE e dizem os analistas (Narciso Michavila, fundados da consultora GAD3) que esta diferença é suficientemente importante para poder prever a vitória do PP frente ao PSOE em Julho. Tudo parece indicar que, se PP e Vox não protagonizarem um desentendimento suicida, Pedro Sánchez não voltará a governar Espanha.

Fernando Carrera, Lisboa

Carmo Afonso, o PS e o Chega

Foi bem saudável a iniciativa do PÚBLICO em contrapor as crónicas desta advogada às do comentador João Miguel Tavares. Julgo no entanto que o artigo de Carmo Afonso (C.A.) de 29 de Maio foi mais uma ajuda à direita na monocórdica linha do "tiro ao Costa" do que uma isenta reflexão decorrente da Convenção do Bloco. Escreve C.A. que “podemos continuar a fazer de conta que é o PS que está a travar o crescimento da extrema-direita, …este partido (PS) e o Chega apresentam-se ao eleitorado como sendo opositores, mas é evidente a forma como o crescimento de um leva ao crescimento do outro”. Será que o grande responsável pelo crescimento do Chega é o PS (e já agora o Bloco e o PC), ou será o PSD? Porquê omitir, ou no mínimo branquear, a enormíssima responsabilidade do PSD (e já agora a IL e o CDS) no crescimento da extrema-direita em Portugal?

José Silva Carvalho, Lisboa

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