Grupo Fortera nega ter sido favorecido por qualquer autarca da Câmara de Gaia

Empresa anunciou nesta sexta-feira o seu antigo director de Engenharia e Construção, Pedro Ferreira, como presidente executivo, após antecessor, Elad Dror, ter renunciado ao cargo após ter sido detido

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DR Projecto Skyline também envolvido neste caso de justiça
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O grupo Fortera negou nesta sexta-feira, em comunicado, ter sido favorecido por qualquer representante da Câmara de Gaia, como é alegado pelo Ministério Público na principal investigação da Operação Babel.

A garantia da empresa foi dada no dia em que anuncia o seu novo presidente executivo, um cargo que será desempenhado por Pedro Ferreira, que era até agora director de Engenharia e Construção da sociedade.

O anterior, Elad Dror, um dos fundadores do grupo Fortera, renunciou ao cargo na sequência da sua detenção, tendo a juíza de instrução decidido obrigá-lo a pagar uma caução de um milhão de euros e proibindo-o de se ausentar do país.

A empresa afirma que as informações vindas a público "criaram uma imagem distorcida em torno dos projectos da Fortera" e insiste que está a construir o empreendimento Alive Riverside, um conjunto de apartamentos de luxo com vista para o Douro, perto da Ponte da Arrábida, "exactamente nos termos em que o loteamento foi aprovado em 2013, anos antes da fundação do grupo".

O grupo não faz referência às inúmeras escutas telefónicas referidas nos mandados de buscas na Operação Babel que indiciam a movimentação nos bastidores do empresário Elad Dror e do seu parceiro de negócios Paulo Malafaia junto do vice-presidente da câmara e de um advogado amigo deste, que serviria como ponte entre os empresários e o autarca.

As conversas andam sempre à volta da capacidade construtiva do lote 7 da Quinta de Santo António, um terreno que a Fortera adquirira em 2020 e para onde projectou o Riverside, que começou a ser construído em Março passado. Segundo o Ministério Público, numa conversa telefónica a 27 de Janeiro de 2021 entre Malafaia e Dror, o primeiro terá referido: "Este projecto estava morto em 2008, agora vai ser viabilizado."

Em causa estava o surgimento de vestígios arqueológicos no lote 7 após obtenção do alvará de loteamento, o que, segundo o Ministério Público, impôs a suspensão do projecto imobiliário.

A Fortera garante apoiar a decisão da Câmara de Gaia de realizar uma auditoria ao projecto e diz que tal "constituirá uma oportunidade para expor as incoerências perpetuadas nas informações tornadas públicas". E acrescenta: "Esta auditoria confirmará que a Fortera está a cumprir fielmente o loteamento aprovado, desde a aquisição do terreno em 2020, tendo a construção iniciado apenas em 2023, sobretudo devido aos inúmeros obstáculos impostos pelo município." O grupo adianta que os trabalhos de construção nos lotes 4 e 5 continuam como planeado.

"A Fortera sublinha que não recebeu favorecimentos por parte de qualquer representante do município, tendo enfrentado desafios constantes, que só atrasaram os seus esforços de construção, apesar do seu loteamento estar aprovado e conforme a lei", enfatiza a empresa.

No que diz respeito ao lote número 7, para onde um pedido de informação prévio emitido em Novembro de 2021 autorizou, sob condição da emissão de pareceres vinculativos, a construção de mais de 19 mil metros quadrados, quase 13 mil dos quais para habitação, a Fortera diz ter apresentado um projecto à Câmara de Gaia, "que se alinha precisamente com a aprovação original do loteamento de 2013".

O comunicado omite, contudo, que entretanto foram encontrados vestígios arqueológicos naquele terreno que levaram à suspensão do projecto.

Sobre o projecto Skyline, que integra uma torre com 28 andares e cem metros de altura, num empreendimento que deverá albergar o futuro Centro de Congressos de Gaia, a Fortera diz que este sempre foi uma iniciativa do município de Gaia, "tendo os direitos concedidos sido indicados desde o primeiro dia do protocolo, apesar de até hoje não ter sido aprovado qualquer loteamento".

A Fortera diz opor-se "firmemente a quaisquer falsas informações vindas a público que ponham em causa o seu bom-nome e que minem o impacto positivo que tem tido no largo desenvolvimento da sua actividade no país, nas cidades e nas comunidades onde actua".

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