Produção industrial está 7% abaixo do nível de Abril do ano passado

Mesmo excluindo o sector da energia, a produção industrial está em quebra. É o segundo mês seguido em que isso acontece. Escoamento de encomendas e menos pedidos influenciam.

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Segundo o INE, as empresas referiram estar a receber menos encomendas Nelson Garrido
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O índice que mede a trajectória da produção industrial em Portugal registou uma quebra de 7% em Abril face ao mesmo mês do ano passado, agravando-se o comportamento negativo que já se observou em Março, mostram dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

É o segundo mês consecutivo em que a produção na indústria está num patamar inferior ao do ano passado. Em Janeiro, o índice ainda ficou 4,6% acima do valor de Janeiro de 2022, em Fevereiro voltou a ficar 1,7% acima, mas a partir de Março o resultado foi o contrário.

A “intensidade da redução”, explica o INE, “poderá estar relacionada com o escoamento de stocks e quebra de encomendas, referido por diversas empresas”. A quebra “foi particularmente influenciada” pela produção na área da energia, onde a diminuição homóloga superou os 18%. Mesmo sem contar com este segmento, o índice continua em quebra, mas menos forte (de 4,6%).

“Todos os grandes agrupamentos industriais apresentaram variações homólogas negativas, excepto o de bens de investimento”, o que significa que há menos actividade na produção de bens de consumo (menos 7,1%), em bens intermédios (menos 5,6%) e na produção energética (menos 18,1%).

Nas indústrias transformadoras, a redução foi de 5%, quando em Março a diferença em relação ao mesmo mês do ano anterior fora de menos 1,5%, refere o INE.

Na comparação mensal, em cadeia, do índice global (ou seja, entre Março e Abril) também se observa um decréscimo, com o índice a baixar 5,6%, uma forte quebra por comparação com o que se verificou em Março, em que a diminuição face a Fevereiro tinha sido de apenas 0,3%.

Nesta comparação em cadeia, “todos os grandes agrupamentos industriais apresentaram contributos negativos para a variação do índice total”. O INE destaca em particular a área do fabrico de bens de consumo, pelo facto de ter caído 8,5% face a Março. Ao mesmo tempo, a produção de bens de investimento passou “de um crescimento mensal de 3,4%, em Março, para uma redução de 6,8% em Abril”.

O objectivo do INE ao realizar o índice de produção industrial “é medir as variações do volume da produção em intervalos curtos e regulares”, calculando essa trajectória através de inquéritos mensais a “unidades estatísticas seleccionadas a partir das empresas sediadas no território nacional”.

De acordo com o Eurostat, Portugal foi o país da União Europeia que mais produção industrial perdeu desde 2005. Um anuário divulgado em Maio pelo serviço de estatísticas europeu mostrou que, em 2022, a contracção face àquele ano foi de 18,9%. Depois de Portugal, as maiores diferenças verificavam-se no Luxemburgo (-17,3%) e em Espanha (-17,2%).

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