Greve na CP levou à supressão de 715 comboios em 985 programados

Foram suprimidos 715 comboios até às 18h. Os sindicatos da CP estiveram esta terça-feira reunidos com o secretário de Estado das Infra-Estruturas, mas a SFRCI decidiu manter a paralisação.

Foto
Nos urbanos de Lisboa, circularam 137 comboios de 465 programados. No Porto, partiram apenas 54 de 199 Rui Gaudencio

A greve que hoje afecta a operação da CP, com especial incidência nos revisores e nas bilheteiras, levou à supressão de 73% das viagens previstas: 715 comboios num total de 985 programados entre as 00h00 e as 18h, de acordo com dados da operadora.

No longo curso, foram suprimidos 43 comboios de um total de 58 estimados. Nos comboios regionais, em 236 previstos não se realizaram 179.

Nos urbanos de Lisboa, circularam 137 comboios de 465 programados. No Porto, partiram apenas 54 de 199 estimados. Nos urbanos de Coimbra, concretizaram-se sete das 27 viagens previstas.

A greve foi convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que resolveu manter a paralisação depois de uma reunião esta terça-feira com o Governo, apesar de outras três organizações terem desconvocado acções semelhantes.

"Fomos afectados com a questão da retirada dos revisores das marchas, vamos perder postos de trabalho e estamos a ser, na distribuição do aumento complementar, discriminados face a outros trabalhadores", disse, Luís Bravo, do SFRCI, à Lusa, esta terça-feira.

Referindo-se à decisão do Estado de conceder um aumento intercalar de 1%, Luís Bravo disse que a CP, com a "urgência do acordo com o sindicato dos maquinistas", acabou por "absorver grande parte desse orçamento", ficando os outros trabalhadores "muitos lesados".

"Há esta falta de equidade que está a gerar desigualdades incompreensíveis. E põe em causa os nossos postos de trabalho", disse, indicando que "o secretário de Estado ouviu, está a avaliar as questões", mas não deu ainda resposta.

Por sua vez, Bruno Martins, porta-voz da CP, em declarações por escrito esta quarta-feira à Lusa garantiu que os postos de trabalho dos revisores "nunca estiveram em risco". "Pelo contrário, estamos em processo de recrutamento para aumentar a nossa equipa, com 70 novas vagas abertas para revisores", assegurou.

Bruno Martins disse ainda que "todos os trabalhadores da CP irão receber um aumento intercalar médio de cerca de 50 euros", salientando que "isso significa que, em média, cada trabalhador terá um aumento de cerca de 140 euros em 2023".

A CP anunciou esta quarta que tinha chegado a acordo sobre a actualização intercalar de salários com a maioria dos sindicatos, com excepção do SFRCI.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários