Sondagem: britânicos querem relações mais próximas com a UE para resolver “problemas” do “Brexit”

Estudo da Focaldata mostra que 63% dos inquiridos acham que o “Brexit” criou mais problemas do que resolveu e 53% querem aproximação à UE. Tendência estende-se às regiões onde se votou pelo divórcio.

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Festa dos brexiteers no dia 31 de Janeiro de 2020, quando foi consumado o divórcio com a UE Reuters/HENRY NICHOLLS
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Cerca de três anos depois da consumação do divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia, a maioria dos britânicos defende que o Governo deve encetar esforços no sentido de estreitar as suas relações com os 27, revela uma sondagem da Focaldata, publicada este domingo no semanário Observer.

O estudo, que recolheu opiniões de mais de 10 mil eleitores e que foi requisitado pela organização europeísta Best for Britain, mostra que 53% dos inquiridos defendem uma aproximação do Reino Unido à UE, com apenas 14% a privilegiarem um relacionamento mais distante.

Por decisão do Governo conservador, na altura liderado por Boris Johnson, com o argumento da recuperação do controlo das “fronteiras, do dinheiro e das leis” do país, o Reino Unido abandonou o mercado único e a união aduaneira, abdicando do espaço de liberdade de circulação de pessoas, bens e capitais.

Com as exportações penalizadas, o custo das importações agravado e o acesso a mão-de-obra barata mais dificultado por causa do encerramento das fronteiras, o PIB britânico foi, no último trimestre de 2022, o que cresceu menos dentro dos países do G7, com o Reino Unido a ser mesmo o único país cuja economia ainda não tinha regressado aos níveis pré-pandemia.

Talvez por isso, mas também por sentirem no bolso os efeitos da inflação e da crise energética – agravados pelo impacto da guerra na Ucrânia –, 63% dos participantes na sondagem afirmam que o “Brexit” “criou mais problemas”, em contraste com os 21% que dizem que os “resolveu”.

Esta tendência é, inclusivamente, transversal às diferentes regiões e círculos eleitorais, nomeadamente nas localidades onde o voto favorável à saída do Reino Unido da UE, no referendo de 2016, foi mais elevado.

O Observer destaca o círculo eleitoral de Boston e Skegness, no condado de Lincolnshire, na região Centro de Inglaterra, onde o voto leaver atingiu os 74,9% em 2016, e onde agora 40% dos inquiridos preferem relações mais próximas com Bruxelas.

“Em poucos anos, a opinião pública no Reino Unido passou de ser pró-‘Brexit’ a acreditar que o acordo de Johnson fez mais mal que bem [e] a apoiar, agora, uma relação mais estreita com a UE”, sublinha Naomi Smith, chefe executiva da Best for Britain.

Citada pelo semanário, Smith argumenta, por isso, que há condições e “votos para conquistar”, “em todos círculos” do país, para “qualquer partido político que esteja preparado” para defender estas posições.

Com larga vantagem sobre o Partido Conservador em todas as sondagens a nível nacional, o Partido Trabalhista não tem, ainda assim, despendido muita atenção a hipotéticas alterações no relacionamento económico e político com os 27, preferindo focar-se em promessas de descentralização territorial.

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