Hugh Grant vai poder ir a tribunal desafiar Rupert Murdoch

O actor acusa o tablóide do News Group Newspapers de obter informações por meios ilegais. “É necessário que a verdade venha ao de cima sobre as actividades do The Sun”, observou Grant.

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Hugh Grant à porta do Supremo Tribunal, em Londres, a 27 de Abril de 2023 REUTERS/Maja Smiejkowska/arquivo

As acusações do actor britânico Hugh Grant de que os jornalistas do Sun recorreram a investigadores privados para pôr o seu telefone sob escuta e assaltar a sua casa podem ir a julgamento, mas as suas alegações sobre a intercepção de mensagens de voz foram feitas demasiado tarde, decidiu o Supremo Tribunal de Londres nesta sexta-feira.

Grant, juntamente com o filho do rei Carlos, o príncipe Harry, está a processar o News Group Newspapers (NGN) de Rupert Murdoch por alegada recolha ilegal de informação que, segundo ele, foi cometida em nome do seu tablóide, o Sun.

O juiz Timothy Fancourt disse, numa decisão escrita, divulgada nesta sexta-feira, que as alegações de Grant sobre a intercepção de mensagens de voz estavam fora do prazo para uma acção judicial.

Mas o juiz disse que a questão de saber se as alegações de Grant de “escutas telefónicas, escutas, roubo de informação, roubo e instruções a investigadores privados para fazer qualquer uma dessas coisas” serão avaliadas num julgamento que deverá ter lugar em Janeiro de 2024.

Um porta-voz da NGN disse que a editora estava satisfeita com o facto de a queixa de Grant contra o Sun ter sido rejeitada pelo tribunal. “A NGN nega veementemente as várias alegações históricas de recolha ilegal de informação contidas no que resta da queixa do sr. Grant”, acrescentou.

Grant afirmou num comunicado: “Estou satisfeito por o meu caso poder ir a julgamento, que é o que sempre desejei — porque é necessário que a verdade venha ao de cima sobre as actividades do The Sun. Como o meu caso deixa claro, as alegações são muito mais amplas e profundas do que a intercepção de mensagens de voz.”

A NGN também pediu ao juiz que rejeitasse o processo de Harry numa audiência em Abril, mas não se espera uma decisão sobre o seu caso antes de uma nova audiência em Julho, na qual Harry pedirá autorização para se basear num alegado “acordo secreto” entre o Palácio de Buckingham e figuras de topo da NGN.

Activista por uma outra imprensa

Grant — famoso por comédias cinematográficas como O Amor Acontece e Notting Hill — tornou-se um proeminente activista da reforma da imprensa desde que surgiu o escândalo das escutas telefónicas.

Anteriormente, intentou uma acção judicial contra a NGN em relação ao antigo tablóide News of the World, que foi resolvida em 2012.

A sua última acção judicial alega que os repórteres do Sun utilizaram investigadores privados para colocar escutas telefónicas no seu telefone fixo, colocar dispositivos de escuta e de localização na sua casa e no seu carro, invadir a sua propriedade e obter informações privadas através de enganos.

A NGN nega as alegações e os seus advogados argumentaram, na audiência de Abril, que era “irreal” que Grant não soubesse o suficiente para intentar uma acção judicial contra o Sun mais cedo do que o fez.

A decisão de sexta-feira surge no meio de um julgamento em curso relativo a alegações de recolha ilegal de informação apresentadas por Harry e outros contra o Mirror Group Newspapers, editor do Daily Mirror, Sunday Mirror e Sunday People. O MGN nega veementemente as alegações.

Harry deverá testemunhar pessoalmente no início de Junho, sendo o primeiro membro da realeza britânica a fazê-lo desde o século XIX.

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