Deus e o diabo estão nos detalhes

Quando há atenção aos detalhes, há mais probabilidades de alcançar um resultado positivo. Desvalorização dos detalhes: maior probabilidade de insucesso/problemas.

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Tenho um caderno onde anoto passagens de livros e entrevistas. Abri-o hoje de manhã, ao calhas: “o diabo está nos detalhes – p.48, Pensar com clareza, Darius Foroux”. Primeiro a frase, depois a página e, por fim, o nome do livro de onde copiei a frase.

O caderno já tem centenas de páginas preenchidas. O método de anotação garante que não confundo os pensamentos ou frases de outrem com os meus apartes. A seguir ao nome do autor, está um travessão grande e a palavra “aparte”, seguida de dois pontos, preliminar de comentários da minha lavra, resultado ou não de pesquisa adicional: “Não há consenso sobre a origem desta expressão, mas a mais interessante que encontrei é a de que remonta ao século XIX, quando o arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe utilizou a frase “Deus está nos detalhes” para descrever a sua abordagem arquitetónica que enfatizava a importância dos detalhes na procura de obras funcionais e esteticamente atraentes”.

Segue-se outro travessão. “Deus está nos detalhes. O Diabo está nos detalhes. Quando há atenção aos detalhes, há mais probabilidades de alcançar um resultado positivo. Desvalorização dos detalhes: maior probabilidade de insucesso/problemas”.

Fecho caderno e relembro alguns acontecimentos recentes. Deus e o Diabo andaram ocupados. Escrevo: “Deus e o diabo estão nos detalhes”. Verdades e mentiras. Coerências e incoerências. Encontros e desencontros. Chamadas realizadas, chamadas atendidas, chamadas não atendidas, mensagens enviadas, mensagens apagadas. Deus e o diabo estão nos detalhes. É provável que a expressão faça escola. Corro a abrir um documento de Word e penso durante um par de minutos em como abordar a questão. Avanço pela lógica da comunicação. Deus e o diabo nos detalhes da comunicação.

Deus está nos detalhes: comunicação clara, compreensível e facilmente percetível. Ideias expressas de maneira precisa, direta e sem ambiguidades, facilitando a compreensão. Evitam-se os mal-entendidos.

O diabo está nos detalhes: obscuridade. Tudo é confuso, difícil de entender ou obscuro. Ambiguidades, falta de organização nas ideias, comunicação ineficaz e imprecisa, muitos mal-entendidos, confusões e dificuldades na interpretação das mensagens.

Volto ao caderno. “A principal razão pela qual não cuidamos dos detalhes é a nossa impaciência – p.48, Pensar com clareza”, Darius Foroux.

É isso, anda tudo muito impaciente. E a impaciência é o diabo.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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