Tariq Ramadan absolvido de acusação de violação na Suíça

Académico suíço enfrenta ainda potencial processo por acusações em França, onde chegou a estar detido durante quase dez meses, em 2018.

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Tariq Ramadan, figura controversa no Ocidente, pediu para não ser julgado "pela sua ideologia" Stephane Mahe/Reuters

Um Tribunal de Genebra anunciou a absolvição do académico suíço Tariq Ramadan de uma acusação de violação de uma mulher, num hotel em Genebra, em 2008.

A mulher, que se tinha convertido ao islão, permanece anónima e é referida pelo nome de “Brigitte”, já disse que vai recorrer da sentença. Saiu da sala antes do final do veredicto, relata a emissora Al-Jazeera.

“Brigitte” fez a acusação quase dez anos depois da alegada agressão, altura em tinha pouco mais de 40 anos, dizendo ter sentido coragem após acusações semelhantes de duas mulheres em França, de ataques que teriam ocorrido entre 2009 e 2016​.

Ramadan arrisca ainda um processo em França por essas acusações de agressão sexual, que levaram à sua detenção, em 2018 – esteve quase dez meses numa prisão francesa.

O académico, de 60 anos, é uma figura controversa no Ocidente. É neto de Haan al-Banna, pensador e activista que fundou a Irmandade Muçulmana no Egipto. Muito admirado pelos muçulmanos europeus, esteve e está proibido de entrar em vários países, incluindo os Estados Unidos e a Arábia Saudita, por causa das suas posições, ora criticadas pelos países ocidentais, por supostamente legitimarem o extremismo, ora por países muçulmanos, por atacar as suas políticas, como as que implicam a discriminação das mulheres com base no islão.

Na sequência dos atentados terroristas de Londres, em 2005, Ramadan integrou, a convite do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, uma task force para desenvolver estratégias para travar o extremismo islâmico.

Durante o julgamento em Genebra, o próprio Ramadan pediu para não ser julgado pela sua “ideologia, real ou presumida”.

Ramadan foi professor de estudos islâmicos contemporâneos em Oxford até 2017, quando foi forçado a retirar-se na sequência das acusações.

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