Vinho da Casa, a festa onde os enólogos partilharam vinhos e outras paixões

Evento organizado pelo PÚBLICO e a Out of Paper no Porto juntou 20 grandes produtores portugueses, que receberam os visitantes como se estivessem em casa. E até cozinharam e cantaram.

Porto, 20/05/2023 - O evento “Vinhos da Casa”
(Rui Oliveira/Publico)
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Vinho da Casa Rui Oliveira
Vinho da Casa_Indulgent_Porto.
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Vinho da Casa Jose Sérgio
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Dirceu Vianna Jr e Peter Richards,
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Vinho da Casa, os masters of wine Jose Sérgio
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Vinho da Casa, um evento com a chancela do Público Rui Oliveira
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Vinho da Casa é sempre um espaço que permite conversas e vinhos Rui Oliveira
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Vinho da Casa estreou-se no Porto Rui Oliveira
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Vinho da Casa: um copo, uma conversa Rui Oliveira
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Anselmo Mendes e Dirk Niepoort
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Vinho da Casa: Anselmo Mendes e Dirk Niepoort Jose Sérgio
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Sandra Tavares
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Vinho da Casa: Sandra Tavares Jose Sérgio
Músico
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Vinho da Casa no Porto Rui Oliveira
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Vinho da Casa no Porto Rui Oliveira
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Cuca Roseta foi uma das artistas convidadas Rui Oliveira
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Adriana Calcanhotto
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Vinho da Casa: Adriana Calcanhotto, uma vez mais, parceira musical dos eventos de vinhos do Público Jose Sergio / PUBLICO

Presos à voz encantada de Adriana Calcanhotto chegámos ao final dos três dias do Vinho da Casa, não é qualquer vinho, não é qualquer casa, primeira edição de um evento organizado pelo PÚBLICO e pela Out of Paper, que reuniu vinte dos mais importantes produtores de vinho portugueses na casa Indulgent, na Foz, Porto.

O concerto final, no domingo, dia 21, teve tanto de música como de histórias – como a da participação de uma jovem Adriana Calcanhotto num concerto de Rita Lee, no qual tinha de chegar à frente do palco e abrir uma capa, mostrando o corpo nu à plateia. A cantora contou-a com uma graça que conquistou os visitantes reunidos, ao final da noite, no salão de entrada, onde, durante a tarde, vários produtores tinham dado a provar vinhos raros, especiais e icónicos.

Os três dias foram de surpresas, revelações e descobertas. Até o master of wine britânico Peter Richards, que deu, no domingo, uma das três masterclasses do evento, confessava que estava ainda a aprender muito sobre os vinhos tintos que apresentou – uma selecção especial de alguns dos maiores tintos de Portugal, acompanhada pelas explicações dos homens e mulheres que os fazem.

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Luis Sottomayor (e) e Pedro Baptista (d) cozinharam juntos acompanhados atentamente pelo chef Vasco Coelho Santos (Euskalduna) Jose Sérgio

Falou do “carácter não conformista" destes vinhos, elogiou a sua elegância e o seu lado gastronómico, perguntou se a existência de tantas castas em Portugal era “uma força ou uma fraqueza”, ouviu atentamente os enólogos contarem as suas histórias, das vinhas de pé franco (modelo anterior à devastação causada nas videiras pela filoxera e que obrigou à adopção do enxerto em vinhas americanas) de Luís Pato às características das vinhas velhas do Douro, descritas por Sandra Tavares da Silva, da Wine&Soul.

Durante as três tardes do Vinho da Casa foram muitas as histórias que os produtores tiveram oportunidade de contar – Luís Pato e a filha Maria João, na cozinha, a parte da casa que lhes coube, enquanto Dirk Niepoort e Anselmo Mendes dividiram o quarto, no primeiro andar e os outros se espalhavam pelo salão e jardim. Aliás, a mesma dupla, Dirk e Anselmo, juntou-se no domingo para um showcooking, no qual o primeiro fez uma carne com borras de vinho do Porto enquanto o segundo cantava a Romaria, de Elis Regina, e arriscava no fado.

A organizadora do evento, Simone Duarte, da Out of Paper, explicou que o objectivo foi mesmo desviar os produtores do seu papel habitual que é o de falarem apenas dos seus vinhos e levá-los a revelar um pouco mais de si mesmos, as suas paixões, os seus passatempos. Luís Pato e Maria João Pato, por exemplo, explicaram como se desenha um vinho, neste caso os vinhos únicos que o produtor da Bairrada fez para os seus vários netos.

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Vinho da Casa: Anselmo Mendes e Dirk Niepoort mostram outras artes Jose Sérgio

E houve revelações: quem diria que Pedro Baptista, o enólogo que faz o Pêra-Manca, e Luís Sottomayor, o responsável pelo Barca Velha, cozinhavam bem em conjunto? Sob o olhar atento do público, os dois deram provas de grande sangue-frio, levando até bom porto aquilo a que se tinham proposto: Pedro Baptista apresentou umas migas com carne de alguidar e Luís Sottomayor um arroz com couves e enchidos.

Ainda no departamento dos produtores que se revelaram, Carlos Agrellos deu um concerto, no sábado à noite, acompanhado por Paulo Amado, que foi um dos momentos mais aplaudidos de todo o evento.

Houve ainda outras duas masterclasses, a primeira, na sexta-feira, o dia inicial do evento, dirigida pelo crítico e director do PÚBLICO, Manuel Carvalho, sobre vinho do Porto, igualmente na presença dos produtores cujos vinhos foram seleccionados para a prova – e que teve como ponto alto a abertura de uma garrafa de um vinho de 1888, um António Bernardo Ferreira, da Quinta do Vallado.

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Vinho da Casa Rui Oliveira

A segunda, no sábado, foi dirigida por outro master of wine, o brasileiro Dirceu Vianna Júnior. “Esta prova foi para tentar partilhar com as pessoas que os vinhos brancos podem ser grandes vinhos”, explicou no final. “São vinhos frequentemente subestimados, e o que eu queria era um pouco quebrar esse paradigma. Contei várias histórias falando de vinhos brancos do mundo todo e depois enquadrei Portugal. Degustámos vinhos portugueses que surpreenderam as pessoas, que têm grande longevidade, que têm envelhecido muito bem, que podem remeter a esse sentido de origem, perceber-se que este vinho vem de tal lugar e tal região. São poucos os vinhos que conseguem isso, os grandes vinhos de França podem, mas hoje muitos vinhos portugueses também podem fazer isso.”

E se os amadores tiveram o seu espaço a cozinhar e a cantar, houve também lugar para os profissionais: para além de Adriana Calcanhotto, a programação incluiu um concerto, no primeiro dia, com a fadista Cuca Roseta; e na cozinha, nos três dias, os visitantes da casa Indulgent provaram, num jantar volante, uma série de snacks e minipratos criados especialmente para o evento pelo chef Vasco Coelho Santos, do Euskalduna Studio, no Porto (uma estrela Michelin).

O Vinho da Casa, não é qualquer vinho, não é qualquer casa tem o patrocínio da Haier, DIAM e Maserati; apoio da Câmara Municipal do Porto e ViniPortugal, a loja oficial é a Garage Wines, o copo oficial é Riedel, o café é o Delta Q e o hotel oficial o Porto, The Editory Collection Hotels. Os organizadores já prometeram o regresso do evento em 2024.

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